Delineamento experimental de caso único: a psicoterapia analítica funcional aplicada ao transtorno por uso de substâncias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Aranha, Alan Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-06092017-101420/
Resumo: A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) é uma terapia comportamental que tem a finalidade de alterar os comportamentos-problema interpessoais que levaram o cliente ao tratamento, intervindo imediatamente sobre estes comportamentos quando eles ocorrem na sessão terapêutica. A FAP foi aplicada com sucesso a diversos quadros clínicos, porém pouca evidência foi produzida no que diz respeito ao Transtorno por Uso de Substâncias (TUS). Nas poucas pesquisas encontradas, a FAP foi manejada em conjunto com outras psicoterapias comportamentais, o que não permitiu a avaliação isolada do seu impacto nessa população. O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos da FAP sobre comportamentos clinicamente relevantes (CCRs) e mudanças extrassessão (medidas com registros de sintomatologia psiquiátrica e abuso de substâncias) de indivíduos institucionalizados que tinham preenchido os critérios para TUS. Participaram deste estudo o pesquisador-terapeuta e dois clientes. Foi utilizado um delineamento experimental de caso único no formato A/A+B, onde A era a etapa de Análise de Contingências Externas e B o uso sistemático da FAP. Inicialmente o terapeuta realizou a conceituação dos casos e atendeu os clientes com estratégias da Terapia Analítico-Comportamental (TAC) e posteriormente foi introduzida a FAP. Três meses após o encerramento dos atendimentos foi conduzida uma sessão de acompanhamento para averiguar a manutenção das mudanças. Todas as sessões foram gravadas e cinco sessões de cada fase experimental, para cada díade, foram categorizadas com o instrumento Functional Analytic Psychoterapy Rating Scale (FAPRS) para medir as mudanças dentro da sessão. As mudanças nos sintomas foram avaliadas semanalmente com o Outcome Questionnaire (OQ-45.2) e a frequência de uso de drogas três meses antes e três meses depois com o Timeline Followback (TLFB). Os dados foram comparados intrasujeitos. Os resultados apontaram que a diminuição na frequência de comportamentos-problema (CCRs1) e aumento de comportamentos de melhora (CCRs2) em sessão acompanharam a introdução da FAP para os dois participantes, especificamente a manipulação da Regra 2 (evocação) e Regra 3-2 (reforçamento positivo contingente do terapeuta a CCRs2). Na sessão de follow up apenas o cliente que se manteve mais tempo em atendimento apresentou conservação na frequência de CCRs2. Em relação as mudanças extrassessão, o instrumento OQ-45.2 não foi sensível a mudança de fase experimental para nenhum dos participantes. O instrumento TLFB quantitativamente apontou melhora do consumo de substâncias para ambos os clientes, porém levando em consideração a frequência de CCRs e o conteúdo da verbalização dos pacientes na sessão de acompanhamento, apenas o participante que recebeu mais tempo de tratamento apresentou melhora, enquanto o segundo participante indicou retorno progressivo ao quadro de dependência. Os resultados apóiam a hipótese de que a FAP proporciona alterações terapêuticas para indivíduos que preenchem os critérios diagnósticos para TUS e que seu mecanismo de mudança clínico é o responder contingente do terapeuta, porém ao menos neste estudo, apenas o cliente exposto por um período maior a terapia apresentou manutenção dos ganhos na sessão de follow up e mudança na frequência de abuso de substâncias