Perguntas QU-, orações subordinadas e ordem de palavras em Karitiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Vivanco, Karin Camolese
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-01032019-101731/
Resumo: Este trabalho descreve diversos aspectos da formação de perguntas complexas, orações subordinadas e ordem de palavras no Karitiana, uma língua Tupi da família Arikém. Primeiramente, descrevemos a formação de perguntas bi-oracionais como perguntas indiretas e perguntas de longa-distância. No primeiro caso, argumentamos que perguntas indiretas strictu sensu não existem em Karitiana, pois pronomes interrogativos não são em geral permitidos dentro de orações subordinadas. Já perguntas de longa-distância são possíveis na língua, mas sua formação inclui uma estratégia conhecida como pied-piping de larga-escala, na qual a oração subordinada inteira contendo o pronome interrogativo é movida para a posição inicial da sentença. Argumentamos que estes dois fatos podem ser capturados se assumirmos uma estrutura para orações subordinadas (1) que não contém certos núcleos oracionais, como C; e (2) que é a projeção de um núcleo nominalizador n. Essas propriedades seriam capazes de explicar o comportamento ambíguo destas construções, que ora se comportam como orações, ora como sintagmas nominais. Além disso, essa proposta também explica outros fenômenos aparentemente não relacionadas, como a ausência de tough-constructions, a extração com verbos factivos, a cliticização em subordinadas e a presença de relativas de núcleo interno. Propomos ainda que este núcleo n de caráter nominal teria como uma possível realização fonética um sufixo -a, que pode ser detectado em diversos ambientes nominais da língua e que possivelmente teria conexões históricas com o nominalizador -a presente em outras línguas Tupi. Na segunda parte deste trabalho, discutimos ainda construções com o morfema de voz inversa ti-, reanalisadas aqui como configurações de redobro de clítico. Essa proposta é capaz de explicar diversas propriedades deste morfema, como sua emergência em diferentes construções, o padrão de concordância excêntrica disparado por ele, a distribuição complementar com a passiva e a leitura pressuposicional do tema nestes ambientes. Por fim, discutimos ainda dois fenômenos prosódicos - o sufixo -o e a intonação de relativas de objeto com ti- - que poderiam constituir argumentos adicionais para as análises desenvolvidas neste trabalho.