Escolarização em diagnóstico: crianças em concreto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Mendoza, Ana María Tejada
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-12112014-114038/
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo reconstruir a trajetória da produção de diagnósticos comportamentais da infância, entre eles de TDAH, no encontro entre escola e família durante os primeiros anos de escolarização. Assim o foco deste trabalho é o processo de constituição de diagnósticos comportamentais na educação básica (pré-escola e a escola). Para a compreensão deste processo, esta pesquisa de cunho qualitativo foi desenvolvida numa perspectiva materialista histórico dialética, contando com a Teoria Histórico Cultural como seu principal subsidio teórico. O trabalho se desenvolve em dois momentos; o primeiro por meio de revisão bibliográfica, buscou identificar no percurso histórico principalmente do século XIX e XX, concepções e interpretações ideológicas, filosóficas e políticas que foram constituindo práticas científicas e sociais perante comportamentos considerados disruptivos e o não-aprender na infância. O segundo movimento, de caráter empírico, foi desenvolvido por meio de estudo de caso de uma criança de oito anos de idade, de classe média, que cursa as séries iniciais no sistema educacional privado do município de São Paulo. O acompanhamento deste caso foi efetuado entre março de 2012 e dezembro de 2013. O material empírico foi constituído por entrevistas com os pais desta criança, professora e alguns representantes da escola e profissionais que desenvolvem intervenções terapêuticas com ele a partir do seu diagnóstico. Espaços de convivência e encontros lúdicos com a criança foram chave para acessar conhecimentos e opiniões da criança com relação ao seu processo de escolarização, seu diagnóstico e tratamento. Tendo como base a materialidade histórica dessa produção, o trabalho destaca as visões hegemônicas que hoje se fazem presentes no campo do ideário pedagógico e que estão centradas na individualização dos problemas que são de ordem política, social e econômica. Destacamos também como esta compreensão vigora no contexto da ideologia e das políticas neoliberais que, se por um lado, enfraqueceram uma visão crítica dos fenômenos, das instituições e dinâmicas sociais (e dentro destas a escola), por outro, instauraram uma hiper-valorização da competência, a concorrência e o sucesso individual a qualquer custo (incluindo o uso de medicação), onde comportamentos fora do padrão, considerados disruptivos, são cada vez mais encarados como falhas pessoais, dando lugar à configuração de tais diagnósticos. Destacamos também a importância da educação na família, na escola e na sociedade no marco de uma educação de qualidade, na ressignificação de histórias de fracasso escolar e na desconstrução de diagnósticos que patologizam a infância e a educação