O arrependimento na Ética de Espinosa: reflexão prática sobre a vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vieira, Douglas Nunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-03102022-214647/
Resumo: Podemos interpretar a Ética como um livro no qual Espinosa nos incita a realizar uma reflexão prática sobre a vida, movimento reflexivo contrário ao domínio das paixões e à ignorância de nós mesmos. Nesta pesquisa, pretendemos demonstrar que, nessa obra, o arrependimento não é reduzido a uma das tristezas mais amargas que experimentamos, sendo considerado uma das condições necessárias para a realização desse exercício reflexivo. No início da Ética III, o arrependimento terá uma importante função: reorientar o leitor no sentido de voltar-se a si mesmo para então reinterpretar sua vida à luz das teses metafísicas desenvolvidas na Ética I e II. Voltar-se às coisas das quais nos arrependemos significa, portanto, não julgá-las como um santo ou um sábio que as associa a alguma imperfeição da natureza humana, mas sim compreender que elas se seguem das leis comuns da natureza. Na natureza, existem coisas potentes o suficiente para nos submeter a forças contrárias a nós mesmos, induzindo-nos a realizar atos dos quais nos arrependemos. Mas há também aquelas que desejamos tanto, que acabam por determinar a maneira como julgamos a nós mesmos. Na Ética, o arrependimento é a tristeza que constitui em nós um julgamento imaginário pelo qual submetemo-nos ao julgamento de nossos pais e de nossos semelhantes. É nesse sentido que ele é uma tristeza útil para a vida social, por conduzir cada um a julgar-se por seus atos reprováveis sem se deixar levar pelo desejo de vingança, impedindo-nos de viver numa terra sem lei