A palavra cantada em comunidades-terreiro de origem Iorubá no Brasil: da melodia ao sistema tonal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Nogueira, Sidnei Barreto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-24112009-120935/
Resumo: O presente trabalho procura analisar a relação melodia-tom no interior do canto de origem africana nas comunidades-terreiro de candomblé Queto. O caráter estável da palavra cantada conduziu-nos às análises de textos com música. Para a implementação das investigações foram selecionados dez cantos nagôs gravados sem acompanhamento de instrumentos pelo próprio povo do santo e um canto iorubá gravado por um iorubá nativo de Abeokutá. Os cantos foram organizados em tessituras (partituras simplificadas) divididas em versos com vistas à visualização simultânea do canto com a letra; para cada verso do canto, fez-se, com a utilização do programa WinPitchPro, um sonograma com a curva de pitch, espectrograma e medidas de Fo. Inicialmente, por meio de uma primeira comparação entre canto e fala iorubá, observou-se, na relação entre pitch melódico e tom fonológico, que estávamos diante de três possibilidades: (i) ignorar os tons fonológicos e o significado das palavras e utilizar as variações de pitch exclusivamente para marcar a melodia, o que preservaria a musicalidade, mas reduziria a inteligibilidade lírica; (ii) preservar as variações regulares de pitch relacionados aos tons lexicais, ignorando a musicalidade, sacrificando a musicalidade pela inteligibilidade; (iii) tentar manter, mesmo que parcialmente, os contrastes de pitches lexicais sem restringir excessivamente as regras melódicas de Fo. Para o desenvolvimento do nosso trabalho, acatamos, principalmente, a terceira hipótese. Tanto no cotejo da fala e canto iorubá quanto no confronto iorubá/nagô, foi possível identificar a imanência dos supra-segmentos da língua africana. A realização dos tons por meio dos pitches melódicos apresentou a reprodução de fenômenos universais como downdrift, downstep e processos recíprocos de assimilação e propagação. As análises evidenciam a manutenção parcial dos tons lexicais da língua iorubá na palavra sagrada nagô, confirmando o caráter estável de uma palavra condicionado por elementos lingüísticos e extralingüísticos.