Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Santos, Flavio Tito Cundari da Rocha |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10122015-114216/
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Resumo: |
A presente dissertação trata da formação de jovens literatos brasileiros, por meio das cartas trocadas por 42 deles com Machado de Assis e Mário de Andrade, as quais, somadas, compuseram um arquivo de 1444 documentos, cobrindo o período de 82 anos de comunicação epistolar. Valendo-nos das contribuições teóricas de Michel Foucault e de outros pensadores pós-estruturalistas, tomamos a educação operada pelas missivas como ocasião de uma experiência capaz não apenas de ordenar a escrita dos iniciantes conforme critérios literários específicos, mas também de incitar determinados modos de subjetivação atinentes a uma presumida vida literária. Tendo isso em vista, confrontamos diferentes correntes de estudos epistolográficos como os de crítica genética e também os que versam sobre a escrita de si , de modo a estabelecer um procedimento atento não ao processo criativo, este decorrente do par analítico autor/obra, mas às práticas conformadoras da relação entre o sujeito que escreve e os ditames instituintes da escrita literária, tal como esta é aqui compreendida. A análise do material epistolar foi levada a cabo com base em quatro eixos temáticos: 1) a relação entre mestria literária e crítica; 2) a importância dos grupos literários para a formação dos jovens escritores; 3) o embate dos aspirantes com uma suposta vida ideal de literato; 4) os debates em torno das noções de inspiração e de espontaneidade na produção literária. Assim, pudemos configurar um quadro diferencial entre uma mestria oitocentista, direcionada primordialmente ao desenvolvimento de uma técnica e de uma estética literárias específicas, e uma novecentista, para a qual o desenvolvimento técnico-estético dos discípulos não era condição suficiente para sua formação literária, fazendo-se necessária a transformação subjetiva dos escritores. Ademais, pudemos delimitar o papel dos grupos no estabelecimento de elos comuns entre os pares e na consequente divisão de escritores literários e não literários, bem como a constituição, no século XX, de uma relação ética com a escrita pautada na crítica contínua, dando lugar a uma escrita intransitiva, para além da pontualidade da própria obra. Após tal percurso, foinos possível vincular a derrocada do gesto educativo, a cargo da figura do mestre literato e atrelado ao cuidado com o outro, à potencialização de um caráter ensimesmado do trabalho escritural, doravante praticado em termos de uma narrativa de si edificante e sempre por se completar, redundando não somente no apagamento do mestre, mas também na perpetuação de uma formação por toda a vida. |