O movimento maker e o sentido de lugar no \"fazer\": o alcance da rede pública Fab Lab Livre SP na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Yamana, Daniella Naomi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-20052024-094914/
Resumo: O crescente acesso às tecnologias de fabricação digital tem despertado uma série de debates acerca da descentralização do poderio industrial e uma possível revolução nos padrões atuais de produção e consumo. Entusiastas do chamado movimento maker se apoiam no potencial de materialização de artefatos personalizados em um ecossistema de colaboração e interdisciplinaridade para desenvolver projetos nas mais diversas áreas. O fortalecimento desse movimento está relacionado à difusão de makerspaces, ou espaços do fazer, oficinas comunitárias onde se dissemina o pensamento faça-você-mesmo, o aprendizado horizontal e a democratização das novas tecnologias. Nesse cenário, o presente trabalho tem como objetivo analisar a implantação e consolidação da rede Fab Lab Livre SP, a maior rede pública de laboratórios de fabricação digital de que se tem notícia no mundo, como uma iniciativa que assume os valores do movimento maker de maneira contextualizada e adaptada à realidade de São Paulo. Aqui, adota-se o conceito de lugar antropológico de Marc Augé como uma lente pela qual observamos as formas de apropriação dos usuários da rede Fab Lab Livre SP e a consequente adequação do programa aos contornos socioeconômicos e culturais dos diferentes locais de implantação. Tal abordagem é justificada pela existência de um determinado posicionamento acrítico e apolítico não raras vezes observado nos espaços de disseminação do discurso maker, muitas vezes permeado por interesses associados ao modelo econômico hegemônico vigente e suas formas de produção, consumo e exploração do trabalho. Para tanto, procedeu-se a uma ampla revisão bibliográfica dos principais autores que se debruçam sobre os temas movimento maker, makerspaces e Fab Labs para situar o trabalho no contexto das pesquisas em andamento. Já a base empírica do trabalho contempla análises quantitativas e qualitativas realizadas a partir de bases de dados relacionados à operação dos laboratórios, entrevistas contextuais e pesquisa de campo com abordagem etnográfica. Por fim, busca-se refletir como a configuração da rede Fab Lab Livre SP, como parte essencial de uma política pública de inclusão digital, permitiu a manutenção dos valores de desenvolvimento e emancipação social ao longo de diferentes gestões do Poder Executivo municipal. Dessa forma, a experiência brasileira da rede Fab Lab Livre SP aponta como o fazer pode assumir novas configurações em cenários de desigualdade social, promovendo práticas inclusivas e situadas.