Analogia triádica e ontologia relacional no De Trinitate de Agostinho de Hipona

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pignatari, Roberto Carlos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-19012021-203909/
Resumo: A pesquisa intenta analisar a relação analógica presente no conhecimento da trindade divina por parte do ser humano, estabelecida por Agostinho no livro IX do tratado dogmático De Trinitate, a partir da apresentação das tríades axiais presentes na alma humana e sua referência à essência divina triúna, a qual se dá a conhecer na simultaneidade das três pessoas num só ato cognitivo. A análise possibilitará estabelecer a tese de que o simul interno à Trindade imanente eterna (concernente ao Idipsum divino, ou ser próprio de Deus, em sua triunidade), reflete e imediatiza o conhecimento em seus reflexos analógicos na alma humana, igualmente simultâneos, triádicos e atemporais, instituindo a possibilidade da intelecção temporal da trindade respectiva à economia da histórica salvífica (cujo conhecimento segundo o dado escriturístico-dogmático aceito pela fé é objeto de apresentação da primeira parte do tratado, livros I-IV). Em tese, pois, a Trindade imanente resulta como ratificação da possibilidade de aquiescência e intuição da Trindade econômica, elucidando assim, no âmbito de um dos grandes tratados de maturidade, a reciprocidade inerente ao binômio credere-intellegere que perpassa toda a obra agostiniana. Para tanto, tentaremos estabelecer as relações de decorrência e implicações entre: 1) a essência trinitária do ser de Deus, presente e refletida nas tríades psicológicas, ao mesmo tempo em que se manifesta historicamente; 2) a simultaneidade essencial à Trindade, como condição de possibilidade de seu conhecimento, igualmente ancorado na 3) simultaneidade interna da analogia triádica mente-conhecimento-amor (livro IX) [cujo mecanismo especular da tessitura analógica se reproduz em ser-viver-inteligir (livro X) e memória-inteligência-vontade (livro X e XIII)]. Em seu termo, a pesquisa intentará visualizar a possibilidade, no âmbito de interpretação do tratado, do refinamento - levando-a, presumivelmente, até a própria transparência recíproca - da divisão entre a analogia entis (historicamente mais presente na tradição católica de compreensão do pensamento agostiniano) e a analogia fidei (ligada majoritariamente à compreensão protestante) relativas ao conhecimento humano de Deus.