Avaliação de desfechos relacionados à gestação em áreas contaminadas na região do estuário de Santos e São Vicente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Guimarães, Mariana Tavares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-25102012-163256/
Resumo: Introdução: O Estuário de Santos e São Vicente está contaminado com metais pesados, compostos organoclorados, dioxinas e furanos. Estudos epidemiológicos evidenciam que fetos são mais susceptíveis às substâncias tóxicas que adultos. Este trabalho avaliou a ocorrência de eventos relacionados à gestação em áreas contaminadas e não contaminada na região estuarina. Métodos: Estudo transversal onde foram analisados dados do SINASC entre 2003 e 2007 nos municípios de São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga. Foram calculadas as taxas bruta de natalidade e de fecundidade total por ano e os riscos de nascimento prematuro, baixo peso de nascimento, nascimento múltiplo e presença de anormalidade congênita no período, por município. Um questionário estruturado e pré-testado foi aplicado em uma amostra de base populacional (820 famílias) em cinco áreas da região, quatro dessas em áreas contaminadas e uma (controle) sem contaminação conhecida. Foram calculados os riscos de ocorrência de mulheres em idade fértil que engravidaram, aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer, natimorto, malformação congênita e nascimento múltiplo. Os dados de aborto e ocorrência de gestação foram georreferenciados na área 3, São Vicente continental. Utilizou-se o teste do qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher investigando associações entre as áreas e as variáveis qualitativas. O odds ratio (OR) e os intervalos de confiança de 95% foram calculados por regressão logística de acordo com as áreas, ajustados para fatores de confusão (socioeconômicos, demográficos e de hábitos das mulheres). Nível de significância foi de 5%. Resultados: As taxas de natalidade e fecundidade diminuíram no período em todos os municípios, predominantemente em Bertioga. Existe risco significativamente maior (p=0,00) de ocorrência de baixo peso de nascimento em São Vicente (OR=2,25; 1,93 2,62), no Guarujá (OR=2,14; 1,80 2,56) e em Cubatão (OR=2,06; 1,75 2,43), que em Bertioga, controlado pela idade, estado civil e escolaridade da mãe, consulta pré-natal, e malformações congênitas. O risco de parto prematuro também foi significativamente maior (p=0,00) em São Vicente (OR= 2,24; 1,89 2,65), no Guarujá (OR=2,31; 1,91 2,80) e em Cubatão (OR = 2,51; 2,09 3,00) que em Bertioga, controlado por idade, estado civil e escolaridade da mãe, consulta pré-natal, e malformações congênitas. O risco de malformações congênitas também significativamente maior no Guarujá (OR=2,24; 1,43 3,50; p=0,00) e em Cubatão (OR=1,62; 1,04 2,52; p=0,03) que em Bertioga, controlado por idade e estado civil da mãe, consulta pré-natal, e nascimento múltiplo. A prevalência dos desfechos gestacionais foi maior nas quatro áreas contaminadas que na área controle. Comparado com a área 5 (controle), um risco significativamente maior de não ocorrência de gestantes, controlando para idade materna, escolaridade materna e renda familiar, foi encontrado na área 2 (OR=1,47; 1,16 1,85), na área 3 (OR=1,31; 1,03 1,66) e na área 4 (OR=1,40; 1,10 1,77). Também houve um risco significativamente maior de abortos na área 3 (OR=1,83; 1,07 3,12) controlando para anos morando na região, idade e escolaridade materna, renda familiar e uso de tabaco materno passado. Conclusões: O estudo evidencia um aumento de risco de desfechos gestacionais em áreas contaminadas na região dos Estuários de Santos e São Vicente