Duas cabeças pensam melhor do que uma?: um estudo psicanalítico sobre a consulta conjunta no âmbito da atenção primária em saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Gustavo Vieira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-09032022-165020/
Resumo: A presente tese analisa, a partir da Psicanálise, as possibilidades e limites da consulta conjunta na Atenção Primária em Saúde (APS), propondo balizadores para sua prática em termos clínicos e institucionais. A pesquisa se justifica pela escassez de publicações que subsidiem a atuação do psicólogo em consultas conjuntas na APS brasileira e pela potencialidade dessa prática na ampliação do cuidado das equipes de APS no Sistema Único de Saúde (SUS). A metodologia de pesquisa é constituída de (i) análise a posteriori de consultas conjuntas no âmbito da APS que tiveram a participação do autor, possibilitando a construção de vinhetas (ficções clínicoinstitucionais baseadas na prática); (ii) estudo de textos de psicanálise e de saúde coletiva, analisados criticamente a partir de seus contextos institucionais e históricos; (iii) tensionamento mútuo e produtivo entre saberes e experiências oriundos da psicanálise e da APS. Este trabalho está dividido em duas partes. A primeira aborda a emergência das noções de apoio matricial e consulta conjunta no SUS; a interação entre psicanálise e APS a partir da tradição psicanalítica de S. Ferenczi, destacando os aportes de M. Balint, E. Balint e D. Winnicott sobre o papel do profissional de APS, sobre a prática de consultas em contexto institucional e sobre o trabalho cooperativo; e contribuições psicanalíticas sobre a atuação multiprofissional, enfatizando as proposições de R. Kaës sobre as alianças inconscientes e sobre as possibilidades e limites do pensar junto. A segunda parte apresenta e discute vinhetas de situações clínico-institucionais na APS do SUS, versando sobre: as múltiplas configurações transferenciais presentes na consulta conjunta; as vicissitudes do trabalho cooperativo e os impasses da consulta conjunta enquanto dispositivo de formação. Com base no percurso da pesquisa, são propostos e discutidos os seguintes balizadores clínicoinstitucionais para a prática da consulta conjunta: (i) a relação como parte do tratamento, abordando o lugar da transferência com os profissionais da APS; (ii) os riscos do conluio inconsciente entre os profissionais; (iii) a sustentação de espaços de troca entre os profissionais como pré-condição do pensar junto; (iv) a dimensão formativa da consulta conjunta e seus impactos subjetivos nos profissionais participantes; (v) as assimetrias e desigualdades inerentes às relações entre os profissionais da APS brasileira. Em síntese, os riscos iatrogênicos e as potencialidades clínicas da consulta conjunta são ponderados, enfatizando elementos que favoreçam que a consulta conjunta seja objeto de decisão crítica para psicólogos e outros profissionais da APS