Reflexões sobre o potencial terapêutico dos encontros com crianças e adolescentes em situação de rua no centro da cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Ramos, Fernanda Quirino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-06102011-151650/
Resumo: A partir das experiências de educadores do Projeto Quixote, este estudo busca investigar se há ou não um potencial terapêutico nos encontros com crianças e adolescentes em situação de rua no centro da cidade de São Paulo. Para responder a tal questão utilizamos o método fenomenológico-clínico. Com o método fenomenológico buscou-se compreender a esfera intersubjetiva dos encontros entre os educadores e as crianças e, em seguida, realizou-se reflexões clínico-teóricas a partir do conceito de criatividade de Donald Winnicott e da perspectiva clínico-ontológica de Gilberto Safra. Os procedimentos utilizados para a coleta de dados foram: análise de diário de campo e análise de relatórios institucionais que contemplaram as experiências intersubjetivas. As reflexões sobre os encontros com estes meninos e meninas retratam e testemunham como eles vivem o dia-a-dia nas ruas do centro da cidade. Nota-se que estas crianças e adolescentes tentam interromper ciclos de abandono e violência vivenciados em seus contextos de origem e a chegada às ruas parece indicar a esperança de encontrarem relações significativas a partir das quais possam estabelecer uma relação pessoal e significativa com a vida. Discutiu-se a confiabilidade, a corporeidade, o brincar e o acompanhamento terapêutico das inserções das crianças na rede de proteção. As reflexões apontam que os educadores contribuem, essencialmente, oferecendo outras formas de se relacionar, a partir da oferta de uma presença disponível, que no contexto da saúde é terapêutica. O educador, sendo capaz de reconhecer cada acompanhado em sua singularidade e necessidades éticas fundamentais, favorece que estas crianças possam vir a se constituir e sentirem-se reais, podendo estabelecer uma relação pessoal com o mundo. Conclui-se que há possibilidades de estabelecer uma potencialidade terapêutica no encontro com estas crianças e adolescentes que circulam pelas ruas da cidade, no entanto para obter resultados satisfatórios dependerá não só das possibilidades das crianças se aproximarem e interagirem, mas também do acolhimento e hospitalidade dos profissionais que delas se aproximam. Assim, uma aliança poderá desenhar-se e estabelecer um potencial terapêutico; potencial como possibilidade de reconhecer o valor da intensidade vivida na aproximação, por meio da terapêutica de intervenção e do cuidado dos educadores