Efeito da testosterona nos marcadores de coagulação sanguínea em homens transexuais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Reis, Estella Thaisa Sontag dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-29072024-092044/
Resumo: A terapia hormonal de afirmação de gênero (THAG) para homens transgêneros (trans) envolve a prescrição de testosterona (T) em doses elevadas para promover características masculinas. No contexto da saúde mental da população trans, observa-se que a THAG contribui para a melhoria dos níveis de ansiedade e depressão, além de impactar positivamente o desejo sexual em homens trans que adotam a T. Apesar de sua relativa segurança em curto e médio prazo, a THAG com T apresenta efeitos adversos, incluindo eritrocitose, acne, queda de cabelo, alterações lipídicas e risco potencial de tromboembolismo venoso (TEV). Entretanto, a investigação sobre o risco de TEV em homens trans é limitada e inconclusiva. Estudos recentes sobre a coagulação sanguínea em homens trans sob THAG não identificaram alterações significativas, mas lacunas persistem nesse campo. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da testosterona intramuscular em marcadores diretos e indiretos da coagulação sanguínea em homens trans, bem como examinar os efeitos da THAG com T em variáveis clínicas e laboratoriais. Este estudo observacional prospectivo autocontrolado incluiu homens trans, entre 18 e 40 anos, recrutados em serviços de saúde especializados em pacientes trans no Hospital das Clínicas e no Centro Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Brasil. Os marcadores analisados abrangeram Tempo de Atividade da Protrombina (INR), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA), Dímero D, Antitrombina, Fator VIII, Fator VII, antes e 12 semanas após o início da medicação. O Inventário da Função Sexual Feminina (IFSF) foi utilizado para avaliar o desejo e a excitação sexual, enquanto a Escala de Medida de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HAD) foi empregada para avaliar o estado emocional. Neste estudo, 19 homens trans (idade média de 23,7 ± 3,7 anos) foram avaliados, utilizando cipionato de testosterona 200mg/2ml a cada 21 dias. Após 12 semanas de THAG com T, observou-se um aumento significativo de peso (p=0,002), com um ganho médio de 3kg, e elevações expressivas na concentração sérica de T (p=0,000) em 830%, hemoglobina (p=0,000) em 7%, e hematócrito (p=0,001) em 10%. Houve uma redução significativa no HDL (p=0,000) e no Fator VII (p=0,000), enquanto o INR aumentou significativamente (p=0,046) em aproximadamente 5%. Em relação à saúde mental, houve uma redução de 47% para 42% nos participantes em risco para ansiedade e de 32% para 15% em risco para depressão. Quanto à função sexual, houve um aumento significativo no escore total do IFSF (p=0,01) após o início da THAG. A THAG com T durante 12 semanas promoveu alterações nos parâmetros avaliados, mas essas mudanças mantiveram-se dentro dos limites normais. A potencial elevação na viscosidade sanguínea, devido ao aumento do hematócrito, pode ter sido compensada por alterações anticoagulantes, como a redução da atividade do Fator VII. No entanto, é imperativo conduzir estudos de longo prazo para avaliar o verdadeiro risco de tromboembolismo venoso e arterial nesta população trans. Este estudo destaca melhorias nos escores de ansiedade e depressão, assim como um impacto positivo na função sexual e saúde mental, sugerindo benefícios da THAG com T.