Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Bastos, Suara |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-18012018-155704/
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Resumo: |
A partir de minha experiência pregressa como artista circense, de desdobramentos do meu estudo preliminar (Bastos, 2013), das conversas informais e das entrevistas realizadas para este percurso de investigação, pude me certificar de que o sofrimento humano está presente também no universo do circo e que há uma demanda e um desejo por parte desta população por algum tipo de atenção psicológica que leve em conta as particularidades do modo de vida itinerante. Esta tese propõe que as especificidades nos modos de constituição do self da pessoa circense dizem respeito, em grande medida, à itinerância, a qual deve ser levada em conta pelo profissional que for atuar neste contexto cultural. Considerando que o modo de vida impacta em como se dá a construção das relações de confiança e na vivência da temporalidade, há necessidade de que profissionais da área se atentem para tais dimensões culturais constitutivas do self para que possa haver uma atenção psicológica adequada aos circenses. Esta é uma pesquisa qualitativa que envolveu a convivência com pessoas de dois circos itinerantes (Circo Spacial e Circo de Teatro Tubinho) e a realização de onze entrevistas que visaram elucidar as temáticas da confiança e temporalidade por serem centrais para o possível desenvolvimento de estratégias de intervenção psicológica nesse contexto cultural específico. A especificidade do modo de vida do circense aponta para possibilidades de um convívio, marcadamente itinerante, qualitativamente rico do ponto de vista do desenvolvimento humano, uma vez que é notável o estabelecimento de fortes laços comunitários capazes de superar dificuldades cotidianas, de se relacionar com a diferença e realizar projetos complexos, dinâmicos e altamente desafiadores. O estudo das temáticas da confiança e da temporalidade permitiu sofisticar a compreensão que se tem desses processos na psicologia cultural dialógica, na medida em que a itinerância e o sentido de realização do espetáculo são balizas extremamente salientes que guiam toda a vida do integrante do circo, a ponto das pessoas colocarem cotidianamente suas vidas em situação de risco na relação com os outros. Discuti a temática da confiança, que perpassa a noção de temporalidade a partir do referencial teórico da Psicologia Cultural em sua vertente semiótico-construtivista, área de estudos que aponta para a centralidade da cultura na compreensão dos processos afetivo-cognitivos do desenvolvimento humano (Simão, 2010, Valsiner, 2012). A discussão dos resultados que se deu por meio da noção de Multiplicação Dialógica (Guimarães, 2010, 2013) procurou: a) destacar as especificidades no contexto do circo itinerante que trazem implicações para a construção do self e b) investigar os processos psicológicos envolvidos na construção das relações de confiança frente à vivência da temporalidade. Para a análise dialógica dos dados, utilizei as noções de trajetórias descendentes e ascendentes (Guimarães, 2016b), que possibilitaram uma articulação entre os movimentos analítico e interpretativo e o mapeamento das antinomias relacionadas ao campo-tema (Spink, 2003) do circo. Esse estudo torna-se relevante por apontar que a vivência da itinerância traz implicações para a constituição do self e que o conhecimento de tais implicações e das especificidades deste modo de vida são fundamentais para a compreensão das vulnerabilidades psicossociais apontadas pelos circenses ao longo da pesquisa. Adicionalmente, a pesquisa pôde propiciar reflexões sobre a possibilidade de inserção de psicólogos no universo do circo itinerante. Observo que tanto a Psicologia quanto a Psicologia Cultural, enquanto campo de reflexões e pesquisa, ainda não dispõem de conhecimentos suficientes sobre o modo de vida do circo e, por essa razão, não têm desenvolvido estratégias nem instrumentos para o trabalho psicológico nesse contexto. Ao lidar com a questão da singularidade da compreensão psicológica do universo cultural do circo, esta pesquisa me permitiu chegar à noção de self itinerante, o que pode auxiliar num maior entendimento sobre o contexto apresentado |