Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Bastos, Suara |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-20082013-100303/
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Resumo: |
O interesse por este estudo surgiu a partir de minha experiência pessoal por haver trabalhado e acompanhado três diferentes circos no México, por quatro anos. Considerando a compreensão do ser humano em sua singularidade no contexto cultural em que está inserido, esta investigação teve como objeto de estudo o cotidiano do circo e suas construções de sentido, propondo-se a olhar para a perspectiva do próprio circense. Mediante a fala dos participantes, investigou-se (a) elementos descritivos de seu cotidiano, (b) os momentos de tensão nas relações eu - outro e (c) as posições dialógicas que emergiram no processo de construção de sentidos. A investigação realizada é de natureza qualitativa, e o referencial teórico-metodológico adotado foi o Construtivismo Semiótico-Cultural em Psicologia que, entre outras proposições, visa à busca da gênese do processo de pesquisa, a não separação entre teoria e método e considera o pesquisador como parte importante do processo de investigação. Foram realizadas entrevistas com questões semiestruturadas e, após cada uma delas, foi solicitado ao participante que tirasse fotografias de qualquer lugar que lhe fosse significativo no Circo. A utilização do recurso fotográfico se deu como uma linguagem complementar às entrevistas, e se justifica quando se pretende compreender os significados atribuídos à imagem pelo olhar do autor da fotografia. Participaram deste estudo seis circenses adultos, sendo duas mulheres e quatro homens. Observei entre os entrevistados um encantamento com relação ao circo e ao estilo de vida itinerante. Nesse campo comum de significados, os integrantes compartilham aspectos relacionados às relações familiares, profissionais, sociais e interpessoais. Nas narrativas emergiram preocupações relacionadas ao futuro do circo em razão das dificuldades enfrentadas atualmente, em especial por causa da retirada dos animais do picadeiro, gerando uma significativa queda na bilheteria, fato que indica que o circo vem atravessando um período de mudanças culturais, já que seus espetáculos sempre estiveram relacionados à apresentação de animais. Alguns entrevistados sentem um estranhamento por parte da sociedade sedentária envolvente com relação ao circo e aos que a ele se dedicam. O circo é aberto ao público, que adentra seus domínios sem impedimentos, ressaltando por essa perspectiva a tênue relação entre o público e o privado nesse universo. Todos os participantes validaram minha posição como circense e foram muito generosos ao compartilharem comigo suas histórias de vida, possivelmente por identificarem em mim alguém que pudesse compreendê-los, em virtude de minha experiência pregressa, que me propicia conhecer as características e peculiaridades do dia a dia no circo. Este estudo aponta desdobramentos para novos projetos em Psicologia sobre circo, por exemplo, relacionados à efetividade da forma de estudos da criança circense e sobre uma possível reflexão de um modelo de atendimento psicológico que dê conta de lidar com os conflitos e o sofrimento psíquico dessa e de outras populações itinerantes. O circo, em contrapartida, abre possibilidades para novas pesquisas na área com relação às questões culturais, visando à construção de conhecimentos e ao entendimento dos universos semiótico-culturais de pessoas e grupos sociais diferenciados |