Preditores de desempenho escolar e competência interpessoal: a educação infantil como fator de proteção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Pereira, Mayara Tortul
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-12112013-152151/
Resumo: No período da vida que corresponde aos anos do ensino fundamental, faixa dos seis aos 12 anos, a criança se depara com tarefas de desenvolvimento relacionadas ao desempenho escolar e à competência interpessoal. O resultado de realização dessas tarefas é influenciado pela interação entre as características pessoais da criança e do contexto ambiental em que ela vive e participa. Supõe-se que aquelas que ingressam neste nível educacional com repertório prévio mais desenvolvido para lidar com as demandas da fase se saem melhor, apresentando cumulativamente um desenvolvimento mais saudável e promissor. Tem sido demonstrado o impacto das experiências escolares iniciais (passagem pela educação infantil) sobre a trajetória futura da criança na escola. O desempenho alcançado por ela e a qualidade dos seus relacionamentos com os colegas e o professor nesse momento predizem seu progresso escolar nos anos subsequentes, tanto em termos de aprendizagem como de ajustamento. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi investigar quais variáveis pessoais e ambientais constituem-se como preditores de desempenho escolar e competência interpessoal da criança, verificando de que forma a exposição à educação infantil influencia no cumprimento dessas tarefas de desenvolvimento típicas da fase. Das características pessoais da criança foram investigadas: o potencial cognitivo, as habilidades sociais e o comportamento problemático; do contexto ambiental foram incluídos: o estresse escolar, o envolvimento da família na vida escolar da criança e a passagem pela educação infantil. Participaram do estudo 336 crianças, estudantes da 2ª série do ensino fundamental de escolas públicas de uma cidade do interior do estado de São Paulo e seus respectivos pais/responsáveis e professores. Com as crianças foram utilizados os seguintes instrumentos: Matrizes Progressivas de Raven; Inventário de Estressores Escolares; Teste de Desempenho Escolar, Entrevista Sociométrica e Avaliação Pedagógica. Os pais/responsáveis responderam ao Critério Socioeconômico Brasil; os professores responderam à Escala de Envolvimento de um Membro Adulto da Família e ao Social Skills Rating System - SSRS-BR, formulário do professor. Foram processadas análises de regressão para desempenho escolar e competência interpessoal, tendo como preditores as variáveis da criança e do contexto ambiental, assim como indicadores socioeconômicos; e para as comparações de grupos foi aplicado o teste não-paramétrico de Kruskal- Wallis. Essas comparações foram realizadas com 95 crianças selecionadas da amostra de 336 e divididas quanto ao tempo de exposição à educação infantil: 32 sem EI; 31 com um ano; e 32 com dois anos. Esses três grupos de crianças eram balanceados quanto à escolaridade do chefe de família e ao nível socioeconômico. Os resultados indicam que as características pessoais e ambientais preditoras de desempenho escolar são as habilidades sociais de responsabilidade/cooperação, o potencial cognitivo, exposição à educação infantil, exposição e impacto dos estressores escolares, envolvimento familiar na vida escolar da criança, nível socioeconômico e escolaridade do chefe de família. Os preditores que se associaram à competência interpessoal foram a habilidade social de autodefesa e cooperação com os pares, o comportamento problemático e o envolvimento da família na vida escolar da criança. Através das comparações de grupos a passagem pela educação infantil mostrou-se como uma importante influência, visto que as crianças com um ou dois anos de experiência prévia se saíram melhor em desempenho escolar e competência interpessoal. Apresentaram vantagens em todos os indicadores de desempenho escolar avaliados; mostraram-se como mais queridas pelos colegas e apresentaram uma tendência vantajosa nos indicadores positivos de intensidade do quanto é querido e amizade.