Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Machado, Priscila Pereira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-13092019-123522/
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Resumo: |
Introdução: Este estudo é parte do projeto temático \"Consumo de alimentos ultraprocessados, perfil nutricional da dieta e obesidade em sete países\". O rápido aumento nas vendas de alimentos ultraprocessados em paralelo ao aumento nas prevalências de obesidade e outras doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs) tem sido observado em todo o mundo, inclusive na Austrália. Objetivo: Esta tese tem como objetivo estudar o consumo de alimentos ultraprocessados e sua influência sobre a qualidade nutricional da dieta e a ocorrência de obesidade na população australiana. Métodos: Estudo transversal em que foram analisados dados de consumo alimentar de uma amostra representativa da população australiana com dois ou mais anos de idade participantes da pesquisa National Nutrition and Physical Activity Survey (2011-12) (n=12.153). Todos os itens de consumo alimentar, coletados por meio de dois recordatórios de 24-horas, foram classificados nos quatro grupos da classificação NOVA, que considera a extensão e o propósito do processamento industrial de alimentos (alimentos in natura e minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados, e alimentos ultraprocessados). Alimentos ultraprocessados são formulações industriais de substâncias extraídas ou derivadas de alimentos, em sua maioria de uso exclusivamente industrial, contendo pouco ou nenhum alimento inteiro e tipicamente adicionados de corantes, aromatizantes e outros aditivos cosméticos. O primeiro manuscrito da tese descreve o consumo de alimentos ultraprocessados na Austrália (população >=2 anos de idade) e sua associação com a ingestão de nutrientes preditores de obesidade e outras DCNTs (i.e. açúcar livre, gorduras total, saturada e trans, fibra, sódio, potássio, e densidade energética da fração sólida da dieta). O segundo manuscrito explora a contribuição de alimentos ultraprocessados para a ingestão e o consumo excessivo (>=10% do total energético) de açúcar livre em diferentes grupos etários (crianças de 2-5 anos de idade, crianças de 6-11 anos, adolescentes (12-19 anos), adultos de 20-64 anos e idosos >=65 anos). O terceiro manuscrito analisa a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a ocorrência de obesidade em adultos australianos. Resultados: Alimentos ultraprocessados foram os que mais contribuíram para o consumo alimentar diário do conjunto da população (42,0% do total de energia), sendo as crianças maiores de cinco anos e adolescentes os maiores consumidores desses alimentos (53,1% e 54,3% do total energético, respectivamente). Com o aumento da participação de alimentos ultraprocessados na dieta, esses alimentos tendem a substituir os alimentos in natura e minimamente processados e suas preparações culinárias. Associações diretas, significativas (p<0,001) e relações dose-resposta foram observadas entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o conteúdo ou probabilidade de consumo inadequado de açúcar livre, gorduras total, saturada e trans, sódio e densidade energética da dieta, ao passo que o inverso foi observado para a ingestão de fibra e potássio. Em todos os grupos etários observou-se a associação direta e estatisticamente significativa (p<0,001) entre quintos de consumo de alimentos ultraprocessados e o conteúdo de açúcar livre na dieta, bem como o consumo excessivo deste nutriente. Associações diretas, significativas (p<0,05) e relações dose-resposta foram observadas entre o consumo de alimentos ultraprocessados e indicadores de obesidade após controle para as variáveis de confusão estudadas. Adultos australianos do quintil superior de consumo de alimentos ultraprocessados apresentaram maior índice de massa corporal (0,97 kg/m², IC 95% 0,42; 1,51), maior circunferência da cintura (1,92 cm, IC 95% 0,57; 3,27) e maiores chances de serem obesos (IMC>=30kg/m2) (OR=1,61, IC 95% 1,27; 2,04) ou apresentarem obesidade abdominal (OR=1,38, IC 95% 1,10; 1,72) em comparação àqueles do quintil inferior. Conclusões: Na Austrália, a elevada contribuição de alimentos ultraprocessados na dieta impacta negativamente no consumo dos grupos de alimentos não-ultraprocessados e em todos os nutrientes preditores de DCNTs, se relaciona ao consumo excessivo de açúcares livres em todas as faixas etárias e está associado à ocorrência de obesidade em adultos. Este estudo soma ao corpo crescente de evidências que mostram que o consumo de alimentos ultraprocessados está associado a uma deterioração geral das dietas e à ocorrência ou aumento no risco de obesidade, e sugere que a diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados pode trazer benefícios substanciais para a qualidade da dieta e indicadores de obesidade na Austrália. |