Consumo de alimentos ultraprocessados e associação com ingestão calórica e com frequência de ocasiões de consumo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Vaca, Maria Fernanda Gombi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-31032022-142208/
Resumo: Há evidências crescentes do papel dos alimentos ultraprocessados em aumentar o risco de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis. Porém, os possíveis mecanismos que poderiam explicar estas associações ainda não estão esclarecidos. Uma explicação é que os alimentos ultraprocessados, devido à sua composição e características sensoriais, influenciam o controle da ingestão de alimentos e da saciedade e, consequentemente, aumentam a ingestão de calorias. Os objetivos deste estudo foram investigar as associações do consumo de ultraprocessados com ingestão calórica e com frequência de ocasiões de consumo. O primeiro objetivo foi testar o potencial de compensação calórica de alimentos ultraprocessados e sua associação com ingestão calórica. O segundo objetivo foi investigar a associação desses alimentos com frequência de ocasiões de consumo, analisando a prática de consumir lanches (snacking). Foram analisados os dados de consumo alimentar de 46.164 indivíduos (10 anos de idade ou mais) participantes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (Brasil, 2017-2018). Os dados de consumo alimentar da população brasileira foram coletados em ambiente natural, não controlado, e representaram o cenário real de consumo alimentar. Concluiu-se que o consumo de alimentos ultraprocessados se associou à incompleta compensação calórica (23%; intervalo de confiança de 95%, 21,7% a 24,6%) e a maior ingestão de calorias (p<0,001). Foram encontradas diferenças de potencial de compensação calórica entre tipos de xv ocasião de consumo. Alimentos ultraprocessados apresentaram menor valor de compensação calórica quando consumidos em ocasiões de lanches (8,4%; intervalo de confiança de 95%, 7,0% a 9,7%) do que quando consumidos em refeições principais (30,8%; intervalo de confiança de 95%, 29,2% a 32,5%). Concluiu-se também que o consumo de alimentos ultraprocessados se associou à prática de consumir ocasiões de lanches (p<0,001), e esta associação foi mais forte entre os adolescentes (razão de risco relativo 14,1; intervalo de confiança de 95%, 9,0 a 22,1) do que em adultos (razão de risco relativo 4,4; intervalo de confiança de 95%, 3,5 a 5,6) e idosos (razão de risco relativo 4,2; intervalo de confiança de 95%, 2,6 a 6,6). Estes resultados fomentam a discussão sobre os possíveis fatores fisiológicos, hedônicos, e ambientais associados aos alimentos ultraprocessados que poderiam influenciar no ganho de peso e obesidade. Os achados deste estudo elevam a necessidade de entender melhor o impacto dos alimentos ultraprocessados no consumo alimentar, discutir seus efeitos na saúde, e apoiar a formulação de políticas públicas e orientações voltadas para a promoção de dietas mais saudáveis para deter o avanço da epidemia de obesidade