Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Lacotiz, Andréa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-06042021-145515/
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Resumo: |
A abordagem da flexão de gênero pressupõe um conceito de flexão e o reconhecimento, em unidades linguísticas, de propriedades cuja presença seja determinante de sua classificação, uma vez que o gênero linguístico é uma categoria dos nomes. A flexão tem sido concebida como um processo morfológico que não gera palavras, isto é, serve a um princípio gramatical; e o gênero linguístico tem sido abordado como um reflexo da designação dos sexos ou de outras distinções semânticas em pares lexicalmente opostos, ou seja, serve a um princípio lexical. A controvérsia encontra-se na junção de ambas as noções, pois, se a flexão não gera palavras, não há meio de saber como, nesses pares opostos, uma das unidades lexicais foi criada. De fato, a flexão de gênero está no cerne da problemática distinção entre flexão e derivação. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é compreender a gênese e aplicação da flexão de gênero no português. Como a problemática que envolve a flexão de gênero não é um fenômeno isolado, a investigação subdividiu-se em dois outros objetivos: buscar definições mais precisas dos termos gênero linguístico e flexão como operações conceituais e estabelecer os paradigmas morfológicos da flexão de gênero no português. Em nível conceitual, examinou-se o conceito de gênero linguístico, na Antiguidade Clássica, origem das discussões sobre o tema, na Filosofia da Linguagem e na Gramática; o conceito de flexão foi investigado em três períodos, a saber, a Antiguidade Clássica, o século XIX e o século XX, ou seja, buscaram-se as primeiras menções do termo para, em seguida, investigar possíveis continuidades e descontinuidades na metalinguagem. O tratamento conceitual fundamentou-se na Historiografia Linguística, especialmente nos parâmetros estabelecidos em Swiggers (2004; 2010), nas bases propostas para Definições Lógicas de Hegenberg (1974) e na Conceitografia de Frege (1892a; 1892b; 1895), por meio de corpora textuais, analisados em perspectiva interna e longitudinal. Em nível morfológico, propôs-se inicialmente uma abordagem semiótica da morfologia, fundamentada em Peirce (1839-1914), problematizando o conceito de signo linguístico e de morfema e incorporando oconceito de signo semiótico a fim de consolidar um modelo morfológico de descrição e análise do gênero linguístico e da flexão de gênero no português; a partir do modelo proposto, por meio de um corpus linguístico, verificou-se, em unidades lexicais, especialmente os chamados substantivos, a relação entre terminação, tonicidade, sufixo e gênero linguístico. A análise dos conceitos evidenciou que não há um conceito de gênero linguístico aplicado aos nomes, mas sim um conceito de Gênero, advindo da teoria aristotélica, que categorizou todos os seres, dentre estes, a linguagem; quanto à flexão, a investigação permitiu constatar uma série de camadas de significado, oriundas das diversas concepções teóricas, embora tenham restado traços conceituais herdados da tradição canônica. Por fim, demonstrou-se que flexão e derivação não são conceitos dicotômicos. A análise das unidades lexicais evidenciou haver, no português, uma relação entre terminação ou sufixo e gênero linguístico e uma relação entre distinções semânticas e gênero linguístico, ou seja, a flexão de gênero pertence concomitantemente a princípios gramaticais e lexicais da língua. |