Memória e (inter)discurso em documentos curriculares de língua portuguesa do município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Costa, Felipe de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-29112021-121224/
Resumo: Esta tese tem como objetivo discutir o papel da memória e do interdiscurso em documentos curriculares oficiais de língua portuguesa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Com base na Análise do Discurso de orientação francesa, nosso objeto de pesquisa é o discurso oficial, responsável por aproximar linguagem e educação. Para atingir esse objetivo, construímos um corpus a partir de materialidades linguísticas presentes em oito documentos impressos, que foram publicados e divulgados em tempos e espaços distintos por essa rede de ensino. De posse desse corpus, fomos orientados pela seguinte questão de pesquisa: quais estratégias linguístico-discursivas interseccionam memória e interdiscurso para a legitimação de discursos oficiais por meio de documentos curriculares de língua portuguesa no município de São Paulo? Analisamos noventa e três dados à luz das discussões de Pêcheux (2009, 2014 e 2015) e de outros estudiosos do discurso, tais como: Courtine (2014) e Paveau (2015). As análises permitem-nos afirmar que, recorrentemente, foram utilizadas as seguintes estratégias: repetição (em primeiro lugar), regulação, reprodução (cópia), citações (direta e indireta), prolongamento de uma formulação-origem, ruptura, redefinição, esquecimento, bricolagem, entrelaçamento de textos diversos (carta, manifesto e relatório), instauração de dêixis enunciativa coletiva e conjunto de adjetivos que ensejam caracterização de sujeitos e ações das diferentes gestões político-partidárias. Além disso, o discurso oficial convoca outros tipos para se prolongar por meio da memória discursiva, juntando forças com o discurso acadêmico, o jurídico-legal e o didático. Finalmente, observamos que o interdiscurso cumpre papel preponderante na perpetuação (ou não) das diversas memórias ou de processos de amemória, permitindo alternância do discurso oficial a partir de formações ideológicas e discursivas que se acentuam quando há mudanças nas gestões político-partidárias. Isso tudo promove um efeito de sentido de pêndulo ideológico que decide o que pode ou não ser prolongado por meio da memória. Assim, os esquecimentos e as lembranças de um discurso são atravessados por subjetividade memorial que constitui toda a condição de produção desses documentos.