Investigação do envolvimento do baço na imunopatogênese da febre amarela

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Marmorato, Mariana Prado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5146/tde-29022024-122302/
Resumo: A febre amarela é uma doença infecciosa que continua representando um problema de saúde pública no Brasil. No ano de 2018 foram confirmados 504 casos silvestres em humanos, com uma taxa de letalidade de 35% durante o surto que ocorreu no estado de São Paulo. A vacina contra o vírus da febre amarela (YFV) é altamente eficaz e confere imunidade protetora contra o vírus, porém a cobertura vacinal ainda é insatisfatória e não há tratamento específico para a doença. Sabe-se que a resposta imunológica gerada após a vacinação e após a infecção natural são semelhantes, mas faltam estudos que detalhem o desenvolvimento da imunidade após a infecção, principalmente nos casos que evoluem para gravidade e óbito. Um estudo prévio de nosso grupo utilizando uma coorte de indivíduos infectados pelo YFV (n = 70) identificou por citometria de fluxo que a frequência de células secretoras de anticorpos (ASC) circulantes (CD20-CD27high CD38high), particularmente plasmoblastos (CD138-), foi significativamente maior em indivíduos que foram a óbito (n = 26; p < 0,01), com ápice no 6º dia após o início dos sintomas, com indivíduos chegando a 80% de ASC dentro da frequência total de células B, uma magnitude nunca antes descrita. O baço é um órgão linfoide secundário de grande importância, onde ocorre o desenvolvimento da resposta imune adaptativa, funcional e protetora, e, investigar o seu papel durante a imunopatogênese da febre amarela, a fim de se caracterizar como a resposta é construída nesses indivíduos, é essencial. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar as modificações da imunidade tecidual do baço de indivíduos que foram a óbito após infecção pelo YFV, descrevendo as alterações histológicas e caracterizando a imunidade in situ. Para isso foram coletados baços de indivíduos que foram a óbito após a infecção pelo YFV selvagem (n=24) e de indivíduos que realizaram esplenectomia pós-trauma (n=10), bem como informações clínicas e demográficas. Os fragmentos foram processados para microscopia ótica, tanto para avaliação histológica quanto para a técnica de imuno-histoquímica e mostraram um claro desarranjo da polpa branca do baço, com diminuição de subtipos celulares essenciais para a montagem da resposta, como macrófagos, linfócitos T e, linfócitos B e seus subtipos celulares, e aumento de subtipos celulares responsáveis pela formação de centros germinativos, migração celular e produção de imunoglobulinas. Em conjunto, nossos dados analisados de forma integrada fornecem novos aspectos sobre a imunopatogênese da febre amarela, sugerindo uma resposta imunológica desequilibrada e prematura em indivíduos que foram a óbito e representam os passos iniciais para a caracterização do desenvolvimento da resposta imunológica adaptativa nos indivíduos infectados pelo vírus da febre amarela