Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2003 |
Autor(a) principal: |
Matumoto, Silvia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-18052004-094556/
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Resumo: |
Este trabalho é uma produção cartográfica da experiência de análise produzida com a equipe de trabalhadores de uma unidade básica de saúde, na perspectiva da produção do acolhimento, buscando destacar as perdas de sentido que capturam a produção do cuidado e os movimentos que apontam para novas formas de acolher o usuário, e, apostando na tese de que é possível explorar linhas de fuga para produzir vida na saúde. Contextualizamos a experiência no processo sócio-histórico da saúde que conforma modelos assistenciais segundo um recorte interessado da realidade, utilizando o referencial teórico metodológico da análise institucional, linha esquizoanalítica (Deleuze & Guattari), e do processo de trabalho em saúde (Merhy), destacando três aspectos intrinsecamente relacionados: a configuração de uma nova ordem, a da sociedade mundial de controle (Deleuze), promovendo um controle contínuo, instantâneo, em espaço aberto, através de senhas de acesso, e o perigo desta lógica dar a tônica a práticas como as de Saúde da Família; o desafio da construção de uma grupalidade a partir da constituição de uma equipe de trabalhadores, frente aos intensos processos de produção de subjetividade, à lida com a diversidade e complexidade da demanda de problemas dos usuários, às dificuldades da reconstituição dos saberes e práticas que já não dão conta de responder aos problemas, aos obstáculos da inclusão das diferenças explicitadas nas relações entre trabalhadores, e desses com os usuários; enfim, a micropolítica da relação trabalhador-usuário comandada por investimentos de interesse e desejo, conscientes e inconscientes e o modo como reproduzimos ou não a subjetividade dominante no processo de trabalho em saúde com todo seu arsenal tecnológico próprio. Na ambigüidade do desejo de saber e do medo de se ver, em meio as dores e sofrimentos de usuários e trabalhadores, a equipe foi se percebendo produzindo a exclusão dos usuários camuflada por critérios técnicos, clínicos, burocráticos e administrativos. Vivenciou as dificuldades de superar os obstáculos a despeito das ressonâncias e implicações que as dores e problemas dos usuários causam nos próprios trabalhadores, os conflitos que emergem nas relações entre os trabalhadores para a resolução dos problemas, sem conseguir ser efetiva em afastar-se de suas próprias dificuldades para olhar para o usuário. A análise revelou o funcionamento da equipe como o de uma escola, que fecha no período de férias, mas mantendo atividades mínimas sem conseguir, entretanto, estruturar o trabalho de forma que contemple o descanso do trabalhador e as necessidades dos usuários. À medida que a grupalidade vai ganhando consistência, apesar das crises e conflitos, é possível arriscar na explicitação do não-saber, buscar cooperação mútua para produção de cuidado com o outro e para a lida com os afetos inerentes ao encontro com este outro. Alguns elementos mostraram-se provocadores da ordem instituída com potência para criação do novo, como a presença dos agentes comunitários na equipe, as discussões de casos de famílias para a construção de projetos terapêuticos mais implicados e a mudança do locus de trabalho da unidade de saúde para o domicílio como possibilidade de mudança nas relações de poder entre trabalhador e usuários. |