Padrões alimentares e fatores de risco cardiovasculares em adolescentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Arruda Neta, Adélia da Costa Pereira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-12112019-143838/
Resumo: Introdução: os hábitos alimentares são formados, boa parte, no período da adolescência, sendo esta fase considerada um risco para o desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular, como o excesso de peso e dislipidemia, os quais podem ter implicações imediatas e a longo prazo na saúde dos adolescentes. Objetivo: identificar os padrões alimentares e avaliar, prospectivamente, seu impacto no estado nutricional e no perfil lipídico de adolescentes. Métodos: esta tese foi composta de três artigos, um de corte transversal e dois de corte longitudinal, todos utilizando dados do Estudo Longitudinal sobre Comportamento Sedentário, Atividade Física, Hábitos Alimentares e Saúde de Adolescentes - Estudo LONCAAFS. Foram analisados 1431 adolescentes em 2014, 1178 adolescentes em 2015, 959 em 2016 e, por fim, 773 adolescentes em 2017, pertencentes a rede pública de ensino de João Pessoa, cidade do Nordeste brasileiro. Para a obtenção de dados de consumo alimentar, aplicou-se o recordatório de 24 horas, duplicado em 30% da amostra, em todos os anos. Os padrões alimentares foram identificados por meio de análise fatorial exploratória por componentes principais. O estado nutricional foi obtido e classificado de acordo com a recomendação da Organização Mundial de Saúde, por meio do índice de massa corporal (IMC) para o sexo e a idade. As concentrações de colesterol total (CT), lipoproteína de alta densidade (HDL) e triglicerídeos (TG) foram determinadas pelo método de turbidimetria e a lipoproteína de baixa densidade (LDL) foi determinada pela equação de Friedwald, sendo posteriormente classificados de acordo com a Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Aterosclerose. Foram coletados dados socioeconômicos, sobre comportamento sedentário e atividade física. As associações entre os padrões alimentares e estado nutricional, perfil lipídico e variáveis de interesse foram realizadas por equações de estimativas generalizadas (GEE). Resultados: a análise longitudinal do presente estudo identificou três padrões alimentares distintos que se mantiveram ao longo do estudo: o padrão \"Tradicional\", composto principalmente por alimentos típicos da dieta tradicional brasileira, como o arroz e o feijão, mas também por alimentos típicos da cultura nordestina, como mandioca e cuscuz; um padrão \"Lanches\" caracterizado pelo consumo de pães, manteigas e margarinas, queijos, carnes processadas e café; e um padrão \"Ocidental\" caracterizado pelo consumo de alimentos com alta densidade energética e pobres em nutrientes. Adolescentes do sexo masculino apresentaram uma maior redução no escore-z do IMC, ao longo do estudo. A prevalência de dislipidemia foi elevada, independentemente da idade. O sexo feminino foi positivamente associado a níveis elevados de CT e LDL e o sexo masculino com níveis baixos de HDL. O padrão alimentar \"Ocidental\" foi positivamente associado ao escore-z do IMC, independente do sexo e do nível de atividade física, ao longo do tempo e adolescentes com maior aderência aos padrões alimentares \"lanches\" e \"ocidental\" apresentaram maior chance de alterações nos níveis séricos de colesterol total. Conclusão: Estes resultados indicam que um padrão alimentar que é rico em densidade de energia, alto teor de gordura e açucares, além de baixo teor de fibra contribui para um estado nutricional e perfil lipídico que sinaliza risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares nestes adolescentes. Além disso, os resultados desta tese sugerem a necessidade de ações de saúde pública multidisciplinar que estimulem mudanças nos hábitos alimentares e estilo de vida, prevenindo, desta forma, o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na vida adulta.