Cartas de educadoras: caminhos para uma pesquisa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Boda, Diane
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-16052023-173817/
Resumo: Quais são as práticas pedagógicas que mulheres desenvolvem na educação de teatro a partir de suas experiências?, com esta pergunta iniciamos o processo de pesquisa no ano de 2020, buscando as especificidades do que é ser mulher educadora na linguagem de teatro a partir do encontro com outras mulheres e minha própria experiência como educadora. Por meio do envio de cartas para oito mulheres escolhidas pelo compartilhamento de espaços de trabalho, afetos e admiração, iniciamos conversas escritas e faladas, que se seguiram por vezes na continuidade das correspondências e outras pelo encontro presencial ou online, passando a nos interessar as formas como narramos nossas trajetórias e o que delas decidimos contar. Todos os encontros foram recriados no formato de troca de cartas, e das experiências passamos ao referencial teórico na busca por uma epistemologia da escuta. Nesse sentido, como uma pesquisadora que realiza bricolagem, diversos métodos foram visitados para construção da narrativa de uma pesquisa que ouviu o tempo todo com o corpo inteiro o que foi vivido para criar contribuições teóricas sobre a escuta como possibilidade de pesquisa acadêmica, realizando as seguintes perguntas: (1) É possível construir a narrativa de uma pesquisa tomando como ponto de partida a experiência antes mesmo da busca do referencial teórico que dê suporte à ida ao campo? (2) Como podemos criar práticas de escuta para a pesquisa acadêmica? (3) Como compreender a categoria mulher dentro desta pesquisa, com as mulheres com quem estive? (4) Como recriar as memórias escutadas e lidas de forma a inserir as minhas e também colocar nessa escrita a atriz-pesquisadora que sou? (5) Que práticas pedagógicas emergem desses corpos-experiências na educação de teatro? Caminhamos principalmente com referenciais de mulheres e saberes provenientes de diversos espaços e, por isso, fincamos como imagem as encruzilhadas para organização dos capítulos, enquanto momentos de escuta das diversas possibilidades e saberes, cruzamentos para tomada de decisão de uma investigação que se entende como caminhada. Além disso, soma-se a essa imagem a interseccionalidade que acorda as ideias sobre as especificidades que cada mulher constrói para suas práticas pedagógicas a partir da experiência que seus corpos viveram, permite que ouçamos o que é ser mulher de diversas formas, mulheridades fluidas e travestilidades, construções múltiplas que abarca outras intersecções. Falamos, assim, de práticas de mulheres e que, com isso, apresentam similaridades, mas que se constroem de maneiras diversas, a partir também de sermos negras, brancas, cisgeneras, transgeneras, travestis, gordas, magras, lésbicas, heterossexuais, pessoa com deficiência ou pessoa sem deficiência. A interseccionalidade também permite escutar as narrativas dessas mulheres com as nossas próprias experiências, nos ensinando que é possível ouvir o que toca corpos diferentes dos nossos a partir do que nos pertence enquanto vivência. As cartas são o ponto principal da pesquisa, a recriação da qual partimos e para a qual retornamos, compreendemos elas como escrevivências, relacionando-nos com Conceição Evaristo e escrevendo a partir da ação de abrir os ouvidos, e o corpo todo, para a escuta.