Competições terapêuticas e fragilidade em idosos - Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Igor Gonçalves de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-30082023-145641/
Resumo: Introdução: A população mundial demonstra uma transição epidemiológica e a aceleração do envelhecimento. Estes fenômenos induzem cada vez mais o uso inadequado de medicamentos por idosos, os quais podem expô-los a desfechos indesejáveis, assim como se associar a diversos problemas, dentre eles a fragilidade. A complexidade da farmacoterapia pode induzir a ocorrência de competição terapêutica. Esta ocorre quando um medicamento aplicado a uma determinada doença afeta negativamente outro problema de saúde também presente, podendo piorar ou induzir o surgimento de outros agravantes em idosos. Objetivo: Caracterizar a presença de competições terapêuticas e avaliar sua associação com a síndrome de fragilidade de idosos do município de São Paulo. Método: Estudo transversal, de base populacional, realizado pela base de dados do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE), estudo longitudinal de múltiplas coortes sobre as condições de vida e saúde dos idosos residentes no município de São Paulo. Foi utilizada a coorte entrevistada em 2015, com 1.224 idosos (pessoas com 60 anos ou mais). A análise descritiva foi apresentada pelas médias e desvios-padrão das variáveis quantitativas e frequências relativas das variáveis qualitativas. A presença de fragilidade foi estipulada com base nos componentes definidos por Fried (2001). A presença de competições terapêuticas foi determinada por meio de evidências já definidas em trabalhos anteriores. A análise de associação foi realizada por meio de regressão logística multinomial. Resultados: 11,2% dos idosos eram frágeis e 56,1% pré-frágeis. Idosos frágeis utilizavam mais medicamentos, sendo 46,7% em polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos). As classes farmacológicas mais utilizadas foram estatinas (agentes modificadores lipídicos - 28,1%), inibidores da bomba de prótons (usados em distúrbios gástricos - 23,6%) e inibidores da enzima conversora de angiotensina (anti-hipertensivos - 23,1%). A prevalência de competições terapêuticas foi de 13,2% no total de idosos e maior no grupo de idosos frágeis (18,7%, valor-p: 0,0152). Competições terapêuticas envolvendo diabetes (5,1%), doença osteoarticular (3,5%) e hipertensão (3,2%) foram as mais identificadas. A competição terapêutica mais prevalente foi a que envolvia diabetes e doença cardiovascular (4,2% no total de idosos e 6,8% em idosos frágeis), principalmente com o uso de biguanidas e inibidores da enzima conversora de angiotensina. A presença de competição terapêutica foi associada à fragilidade na análise univariada odds ratio 1,84 (IC95% 1,07-3,16) em idosos pré-frágeis e 2,43 (IC95%: 1,22-4,84) em frágeis. A chance de pré-fragilidade foi 2,41 vezes maior (IC95%: 1,04-5,61) em idosos que apresentavam duas competições terapêuticas no modelo múltiplo. Conclusão: verificou-se um número significativo de competições terapêuticas em idosos, com percentual mais elevado entre idosos frágeis. A presença de duas competições terapêuticas foi associada à presença de pré-fragilidade em idosos.