A estrutura argumental da língua karitiana: desafios descritivos e teóricos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Silva, Ivan Rocha da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-12092012-120027/
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo descrever a estrutura argumental da língua Karitiana (grupo Tupi, família Arikém, aproximadamente 400 falantes) em uma perspectiva descritiva e teórica. Nesse trabalho, buscou-se o desafio de descrever as classes verbais da língua com base em uma teoria formal: a teoria de estrutura argumental de Hale e Keyser (2002). O trabalho encontra-se dividido em duas partes. Na parte I, descreve-se a morfossintaxe das classes verbais. Na parte II, foram analisadas, em termos de estrutura argumental, as evidências morfossintáticas notadas no padrão verbal. A segunda parte, ainda, oferece uma análise preliminar para a estrutura passiva impessoal em Karitiana, dentro da teoria Gerativa. A transitivização, a passivização, a construção de cópula e o padrão de concordância funcionam como evidências morfossintáticas para descrever classes verbais na língua. Todos os verbos intransitivos podem ser afetados pela causativização sintética (transitivização) através de um morfema causativo que permite a adição de um argumento externo (o sujeito agente ou causa) a uma sentença intransitiva, tornando-a transitiva. Através do morfema de passiva impessoal em Karitiana, é possível transformar um verbo biargumental em monoargumental, apagando o sujeito original da sentença transitiva. O morfema de passiva é adicionado apenas a um verbo minimamente biargumental ou a um verbo intransitivo que tenha sido antes transitivizado via . A construção de cópula nesta língua apresenta uma estrutura bioracional (S Copula minioração) em que a cópula toma como complemento uma minioração. No núcleo desta minioração, pode entrar apenas um verbo intransitivo, um adjetivo ou um nome. O padrão de concordância ergativo-absolutiva é o último diagnóstico utilizado como evidência de valência na língua. Com base nestas evidências, foram descritas três classes verbais: uma classe de verbos intransitivos (formada por 3 subclasses: composta de intransitivos comuns, de intransitivos com objeto oblíquo e sujeito experienciador e, por último, a subclasse de intransitivos locativos), uma classe de verbos transitivos e uma terceira classe composta por verbos bitransitivos. Esta última tem um objeto direto com papel semântico ALVO e um objeto indireto, marcado obliquamente (com a posposição ty) com papel TEMA. Os verbos intransitivos com objeto oblíquo apresentam um comportamento especial, comportando-se, morfossintaticamente e em termos de alternância, como os demais intransitivos, mas projetando em sua estrutura um complemento oblíquo, o que leva a considerar que eles são sintaticamente intransitivos e semanticamente transitivos. Concluimos que todos os verbos intransitivos nesta língua têm o comportamento de verbos inacusativos do tipo alternante. Na proposta de Hale e Keyser, os verbos são formados, estrutural e hierarquicamente, a partir de duas estruturas básicas (monádica e diádica) nucleadas pelos núcleos verbais (V1 e V2). Deste modo, os verbos do Karitiana descritos como intransitivos são analisados como verbos diádicos compostos, em conformidade com suas propriedades alternantes. Os verbos intransitivos com objeto oblíquo e aqueles verbos intransitivos locativos foram analisados como verbos diádicos compostos com complemento oblíquo (P-complemento). Os verbos bitransitivos são analisados como diádicos básicos. Apenas os verbos transitivos em Karitiana podem ser analisados como verbos monádicos.