Acidose metabólica em pacientes cirúrgicos de alto risco: importância prognóstica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva Junior, João Manoel da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5152/tde-03022016-154257/
Resumo: Justificativa e Objetivos: Acidose é uma desordem muito frequente em pacientes cirúrgicos. Neste cenário, permanecem incertas as implicações clínicas da acidose e características de cada tipo. Portanto, é relevante tentar elucidar o papel de cada tipo de acidose no prognóstico de pacientes cirúrgicos de alto risco. Método: Trata-se de estudo multicêntrico observacional prospectivo, realizado em três diferentes hospitais. Os pacientes que necessitassem no pós-operatório de cuidados intensivos foram incluídos no estudo consecutivamente. Pacientes com baixa expectativa de vida (câncer sem perspectiva de tratamento), pacientes com insuficiência hepática (child B ou C), insuficiência renal (Clearence de creatinina < 50 mL/min ou hemodiálise prévia), diagnóstico de diabetes previamente foram excluídos. Os pacientes classificados na admissão da UTI quanto ao tipo de acidose que desenvolviam no pós-operatório imediato foram acompanhados até 30 dias e alta hospitalar. Tal classificação avaliou acidose metabólica, pela quantificação da diferença de base menor que -4 mmol/L, anion gap corrigido pela albumina (AG) e lactato aumentados, quando maiores que 12 e 2 mmo/L, respectivamente. Então, os pacientes foram classificados como acidose metabólica hiperlactatemica, aumentado e normal (hipercloremica) anion gap corrigido pela albumina. Resultados: O total de 618 pacientes foram incluídos durante dois anos. A incidência de acidose metabólica foi 59,1% na UTI, porém 148 (23,9%) apresentaram hipercloremica, 131 (21,2%) revelaram hiperlactatemia, 86 (13,9%) AG aumentado e em 253 (40,9%) não ocorreu acidose metabólica. Dentre todas as cirurgias, pacientes de cirurgia gastrointestinal foram associados a maiores porcentagens de acidose metabólica 46,2% versus 19,8% sem acidose, P < 0,05. Interessantemente, acidose com hipercloremia apresentou mais altos valores de cloro na admissão da UTI 115,0 ± 5,7 meq/L (P < 0,05) e receberam maiores quantidades de solução fisiológica 0,9% no intraoperatório 3000,0 (2000,0 - 4000,0) mL (P < 0,05). Entretanto, apesar dos pacientes não apresentarem diferenças entre escores de gravidade (SAPS 3, SOFA e ASA), idade e tempo cirúrgicos, ocorreram diferenças em relação a complicações e mortalidade no pós-operatório quando os pacientes mantinham acidose após 12 horas de pós-operatório. Pacientes com lactato e AG aumentados no pós-operatório imediato apresentaram maiores complicações, seguido dos pacientes com hipercloremia, e os sem acidose, respectivamente 68,8%; 68,6%; 65,8% e 59,3%, P = 0,03. Cardiovascular e renal disfunções foram as principais complicações e o grupo hiperlactatemia mostrou maior incidência em comparação aos outros grupos. O mesmo foi verificado em relação à mortalidade hospitalar e em 30 dias de seguimento os grupos hiperlactatemia, AG aumentado, hipercloremicos e sem acidose foram respectivamente 30,1% (HR 1,61, IC 95% 1,02 - 2,53); 24,3% (HR 1,37, IC 95% 0,76 - 2,46); 18,4% (HR 1,55, IC 95% 0,90 - 2,67) e 10,3%, Log-Rank = 0,03. Conclusão: A incidência de acidose metabólica em pacientes cirúrgicos de alto risco no pós-operatório é elevada, principalmente a do tipo hipercloremia. Pacientes cirúrgicos que desenvolvem acidose metabólica, dependendo das características, apresentam piores prognósticos em relação aos pacientes sem acidose, além disso, este estudo demonstra que diferentes etiologias de acidose metabólica estão associadas com diferentes taxas de mortalidade e morbidade no pós-operatório