Saúde mental de profissionais e resposta à  crise da COVID-19 no HC-FMUSP: um estudo observacional e prospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Alves, Marcos Oliveira Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47135/tde-20122024-124135/
Resumo: Introdução: A pandemia de COVID-19 foi um desafio sem precedentes para a saúde pública, resultando na perda de milhões de vidas em todo o mundo. Embora os profissionais de saúde (PS) tenham desempenhado um papel crucial em meio à intensa demanda sobre o sistema de saúde, devido ao papel indispensável de seu trabalho, muitos apresentaram uma deterioração em termos de saúde mental durante tal crise. Objetivos: Investigar as dimensões de sintomas psicológicos comuns (SPCs) e seus preditores entre os PS de um hospital de referência para tratamento de pacientes com COVID-19. Além disso, avaliar os padrões longitudinais desses sintomas, bem como seus preditores ao longo das duas primeiras ondas da pandemia no Brasil. Métodos: Este é um estudo observacional e prospectivo. Os dados foram coletados por meio de um questionário online de autorrelato. Sintomas de depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e burnout foram investigados por meio da Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), da Generalized Anxiety Disorder-7 (GAD-7), da Impact of Event Scale-Revised (IES-R) e da Mini-Z Burnout, respectivamente. Como variáveis preditoras, foram incluídos aspectos sociodemográficos, eventos estressores relacionados à COVID-19, medo da COVID-19, motivação pessoal e apoio institucional. A análise foi dividida em duas partes. A primeira foi uma análise transversal de 1.000 participantes, entre julho e agosto de 2020. A segunda foi uma análise longitudinal, incluindo 1.078 PS, com os dados coletados mensalmente entre julho de 2020 e junho de 2021. Para a análise transversal, os SPCs foram submetidos a uma análise fatorial exploratória (AFE). Em seguida, modelos de regressão linear foram realizados para avaliar preditores dos fatores retidos. Quanto à análise longitudinal, modelos lineares mistos e regressões polinomiais locais foram realizadas para retratar e analisar as trajetórias dos SPCs e seus preditores. Resultados: A AFE revelou uma estrutura de três fatores que explicou 58% da variância total dos dados. As dimensões emocionais centrais foram Evitação e revivência, Depressão-ansiedade e Alterações no sono. A análise de regressão revelou que o apoio institucional foi um fator protetor significativo para todas essas dimensões (intervalo de = -0,41 a -0,20, P <0,001). Em relação à análise longitudinal, ansiedade e depressão mostraram uma tendência de reatividade aumentada, enquanto o estresse pós-traumático apresentou uma tendência à redução inicial e com menos flutuação ao longo do seguimento. A análise longitudinal dos preditores dos SPCs mostrou que níveis mais altos de apoio institucional foram associados a um risco reduzido de todos os desfechos de saúde mental (intervalo de = -0,17 a -0,24; P <0,001). Por outro lado, maior medo da COVID-19 foi positivamente associado a todos os desfechos (intervalo de = 0,28 a 0,36; P <0,001), bem como o autorrelato de tratamento psiquiátrico ou psicológico prévio (intervalo de = 0,2 a 0,28; P <0,001). Além disso, o risco aumentado de apresentar sintomas de estresse pós-traumático foi associado a ter um membro da família ou amigo próximo hospitalizado ou falecido devido à COVID-19 ( = 0,06; P <0,05), assim como ter enfrentado um conflito ético ( = 0,17; P <0,001). Conclusão: As dimensões emocionais dos SPCs entre os PS durante a primeira fase da pandemia foram Evitação e revivência, Depressão-ansiedade e Alterações no sono. Além disso, os achados deste trabalho indicam a importância de alocar atenção e recursos para atuar efetivamente nos desafios impostos por crises pandêmicas no sistema de saúde, enfatizando a importância do apoio organizacional, do ambiente de trabalho e do monitoramento contínuo de respostas emocionais entre os PS.