Da melancolia ao suicídio: uma aproximação da psicanálise à obra poética de Florbela Espanca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Santos, Jânderson Farias Silvestre dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-14112017-100251/
Resumo: Quais são os processos psíquicos que constituem o psiquismo melancólico e, a partir desses processos, como entender a conhecida tendência melancólica para o suicídio? Esses foram os dois questionamentos que nortearam essa investigação, que situou-se em dois campos. A psicanálise foi o campo primevo a partir do qual foi empreendido o estudo, que se iniciou nos textos freudianos, passando por Karl Abraham, Melanie Klein e chegando em autores psicanalíticos mais próximos da contemporaneidade, dos quais destaco Rosenberg, Laplanche, Ogden e Petot. A obra poética da portuguesa Florbela Espanca, escritora que se suicidou em 1930, foi o outro campo de investigação, tendo como ponto de ancoragem a compreensão psicanalítica da melancolia. Partiu-se da hipótese, em função do impacto estético e emocional suscitado pela leitura prévia da poesia de Florbela, de que seria possível apreender, na poética florbeliana, a expressão de estados afetivos próximos daqueles descritos pela teoria psicanalítica como sendo próprios da constituição melancólica, de maneira a tornar-se bastante enriquecedora para a compreensão desses estados, uma leitura de sua obra tendo como pano de fundo a visão psicanalítica deles. Essa hipótese mostrou-se acertada. Na investigação dos processos subjacentes à constituição melancólica um componente alcançou destaque: a ferida narcísica vivida na tenra infância que, em última instância, vincula-se à vivência do desamparo pelo melancólico. O melancólico parece estar sempre muito próximo da situação original de desamparo, isto é, o desamparo primordial. Essa vivência relaciona-se com o modo de identificação que, na melancolia, é uma ampla identificação, em oposição à identificação por traços. A essa identificação ampla subjaz a tão conhecida identificação narcísica. A precoce ferida narcísica está envolvida também na presença do intenso sadismo melancólico, na deficiência da fusão pulsional e na impossibilidade de firme internalização do bom objeto primordial. A perda objetal, reativando toda dinâmica primitiva suscita o trabalho de melancolia e as defesas maníacas, processos que estão bastante intrincados. O fracasso desses processos pode culminar no suicídio