Inquérito soroepidemiológico sobre hepatites A e E em Cássia dos Coqueiros/SP, 2011 a 2013

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Araújo, Daniel Cardoso de Almeida e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-06042018-140059/
Resumo: As hepatites virais A e E estão entre as doenças mais comuns nos seres humanos, relacionadas a países com baixo nível socioeconômico e condições inadequadas de higiene. São transmitidas por via fecal-oral, diretamente pessoa a pessoa ou por contaminação de água e alimentos. Um ciclo zoonótico da hepatite E (genótipo 3) ocorre principalmente pelo consumo de carne ou contato direto com suínos. A incidência de hepatite A vem reduzindo no país, mas pouco tem sido estudado sobre a prevalência em cidades pequenas do interior. Os estudos sobre a hepatite E no país ainda são limitados e sugerem que o genótipo 3 seja o responsável pela infecção. Este estudo buscou estimar a prevalência das hepatites A e E na população adulta de Cássia dos Coqueiros (aprox. 2600 hab.) e levantar possíveis fatores de risco para as infecções. Trata-se de um inquérito soroepidemiológico em 990 habitantes de Cássia dos Coqueiros com mais de 18 anos de idade, aproximadamente 51% de toda a população do município nesta faixa etária, com uma subamostragem de 248 indivíduos especificamente para pesquisa de hepatite E. As amostras de sangue foram coletadas entre os anos de 2011 e 2013 e aplicado um questionário contendo informações demográficas, socioeconômicas e de fatores de risco. Foram realizados exames imunológicos (ELISA) para detecção de anticorpos IgG para as hepatites A e E. As prevalências foram estimadas por faixa etária e calculados seus respectivos intervalos de confiança. Os dados foram submetidos a análises uni e multivariadas, em modelo de regressão logística log-binomial. As associações foram testadas medindo-se as Razões de Prevalência e seus respectivos intervalos de confiança (95%). A prevalência de hepatite A na população total foi 89,1% (IC95%= 87,1 - 90,9), aumentando de acordo com as faixas etárias. Observou-se na análise univariada associação com idade, unidade federada de origem, escolaridade, estrato econômico, antecedentes de hepatite e de contato domiciliar com casos desta doença, bem como história de eliminação de proglotes de Taenia sp nas fezes, mas após ajuste do modelo, apenas a variável idade permaneceu independentemente associada. A prevalência de hepatite E foi 20,7% (IC95%= 15,5 - 25,7), identificando-se associação apenas com a escolaridade na análise univariada, mas que deixou de ser associada após ser ajustada no modelo multivariado. Este é o primeiro estudo soroepidemiológico de base populacional comparando a presença de VHA e VHE numa cidade de porte pequeno com características rurais na região Sudeste do país. Cássia dos Coqueiros apresenta-se como área de baixa endemicidade para VHA, assim como as regiões Sul e Sudeste. A prevalência de VHE foi a maior encontrada em estudo de base populacional ou doadores de sangue no país, mostrando que a infecção ocorre de forma mais frequente do que se acreditava e que mais estudos são necessários para verificar o genótipo circulante e os fatores de risco para infecção, possivelmente pela transmissão zoonótica do VHE3.