Antropofagia em situações clínicas: posicionamentos e saberes experienciais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Scavasin, Felipe Augusto Dias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-22112019-181854/
Resumo: Partindo da percepção que existem práticas clínicas distintas legitimadas por meio de mesmos referenciais teóricos, problematizamos a prática clínica reconhecendo-a fundada sobre a pessoalidade singular de cada profissional, compreendida aqui como a disponibilidade originária para o outro e para o existente acontecendo como anseio de amizade em contínuo devir. Adentrando na discussão sobre as experiências de vida serem constitutivas da pessoalidade, investigamos práticas clínicas assentadas nas experiências de encontros, compreendidas aqui como fator terapêutico fundamental, em três contextos distintos realizadas por um dos autores: um grupo de futebol em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), uma inter-ação institucional em um equipamento de educação social, Centro da Criança e Adolescente (CCA) e relato de experiências educacionais em um projeto de extensão universitária, o Projeto Bandeira Científica da USP. Com isso observamos os mesmos fundamentos éticos sustentados em diferentes contextos, corroborando com a perspectiva que encontros constitutivos sustentados em uma perspectiva ética podem ocorrer em qualquer situação, nos levando a considerar que a experiência terapêutica ultrapassa o campo da psicologia, podendo em verdade ocorrer em todo encontro do ser humano com outros que possam abraçar as demandas e necessidades fundamentais da condição humana. O caminho metodológico desta investigação se deu por meio da perspectiva dialógica-polifônica, entre diferentes atores: investigador, orientador, participantes das situações clínicas, autores do campo das ciências humanas, pessoas presentes em nossas histórias, tendo como foco as experiências vividas que tiveram potencialidade de transformação e de constituição das pessoas envolvidas. No caminho da elaboração das experiências relatadas encontrou-se na concepção de Antropofagia de Oswald de Andrade elemento fecundo para compreender em profundidade alguns aspectos que nos pareceu importantes no encontro humano, potencialmente constitutivo da pessoalidade, já que a noção de antropofagia, da maneira como a abordamos, congrega a incorporação de saberes sobre a condição humana sintônicos ao horizonte ético, advindo de experiências com o outro comunitário e transgeracional. Foi gratificante nessa investigação reconhecer que a noção de antropofagia poderia também vir a ser reveladora dos fundamentos da posição ética de uma ação clínica, assentada no corpo sensível como bússola do viver. Essa perspectiva poderia vir a ser descrita como fome-abertura para o encontro humano-comunitário em direção a um horizonte em contínuo devir, possibilitando o acolhimento da sabedoria decorrente do viver. Fica o desafio a partir dessa pesquisa de vir a investigar e discutir a situação clínica como um lugar assentado na perspectiva antropofágica