A relação entre psicologia e racismo: As heranças da clínica psicológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Benedito, Maiara de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-04092018-102726/
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo investigar como a raça e o racismo afetam a prática dos psicólogos. A partir de uma leitura histórica da construção do que é ser negro no Brasil, discute-se as formas como a Psicologia pode contribuir para o enfrentamento do sofrimento causado pelo racismo. Adota-se a compreensão da raça enquanto uma construção social que reverbera em diversas faces do racismo, entre elas o racismo institucional, que pode refletir e determinar a forma como os negros acessam seus direitos. Apoiada na psicanálise vincular e no conceito de alianças inconscientes de Kaës, averigua-se se e como profissionais do campo da clínica psicológica identificam problemas relacionados ao racismo, analisando como eles atuam diante dessa problemática. As entrevistas abertas tiveram como base os pressupostos de Bleger e realizadas com três profissionais que atuam em dispositivos clínicos em serviços públicos e privados na região metropolitana de São Paulo. Em seguida, identificou-se de que modo as questões raciais são expressas no campo da clínica nesses dispositivos. Foram encontrados aspectos comuns entre as narrativas estudadas com relação ao racismo operar como uma transmissão psíquica entre as gerações e observou-se que há ambiguidade na diferenciação do racismo a outros tipos de preconceitos. Reconheceu-se a contradição entre desejo e a culpa entre as vítimas do racismo nos relatos dos entrevistados. Evidenciou-se a problemática do lugar do negro nos espaços sociais e a relevância dos territórios onde eles podem ou não ocupar. Na clínica psicológica, admitiu-se a existência de estruturantes psíquicos, responsáveis pelo delineamento do sofrimento de ser negro, e que, nessa dimensão, há um espaço para elaboração desse problema. Percebeu-se a importância de respeitar o sujeito enquanto si mesmo antes de fazer os recortes sociais necessários. Além disso, foi descoberta a necessidade de se realizar parcerias para o enfrentamento do racismo, destacando-se ainda o valor da apropriação histórica para que os fenômenos raciais possam ser compreendidos e superados. Este estudo conclui que a atuação da Psicologia se faz necessária política e socialmente