História e ressignificação: Joana d\'Arc e a historiografia francesa da primeira metade do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Amaral, Flavia Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14012013-105821/
Resumo: A vida da moça, que ainda criança começara a ouvir vozes lhe revelando a missão de libertar a França dos invasores ingleses, que liderou um exército, coroou o seu rei e teve um destino trágico, sendo queimada viva como herege, parece saída de uma obra literária, mas como bem lembra Colette Beaune Joana dArc é provavelmente, a figura de mulher mais documentada de toda a História. Atualmente contam-se 20.000 estátuas públicas, centenas de biografias e peças de teatro, dezenas de filmes, óperas e músicas. Seria possível desvendar as razões para tamanho sucesso? Essa popularidade foi alcançada ao longo de um processo contínuo e homogêneo, ou houve rupturas, sobressaltos e novas atribuições à heroína que possam ser verificados ao longo do tempo? Essa tese discute a importância da primeira metade do século XIX para esse fenômeno. Nesse período a historiografia francesa se esforçou para enquadrar Joana dArc, heroína há muito honrada pelo reino da França, nos padrões da sociedade pósrevolucionária. Longe de desqualificá-la como figura incompatível com a modernidade pretendida por aquele país, tal como proposto no contexto revolucionário, Joana foi alçada ao panteão dos heróis nacionais tendo sua imagem amalgamada aos ideais de 1789. Buscamos desvendar o processo que tornou possível a popularização de uma nova Joana dArc naquele período, processo intimamente ligado aos valores burgueses então difundidos: a nação, o povo, a pátria, o indivíduo. As novas características atribuídas à Joana correspondiam às expectativas burguesas a partir de um discurso ligado a uma nova visão da História que passou a ser considerada como potencial produtora de verdades e justificativas que embasassem a configuração social que se anunciava.