Adolescentes em tratamento psiquiátrico: um estudo fenomenológico das vivências em seus relacionamentos sócio-afetivos-sexuais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Iezzi, Fernanda Tomé Marleta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-31032013-200503/
Resumo: RESUMO Marleta-Iezzi, F. T. (2013) Adolescentes em tratamento psiquiátrico: um estudo fenomenológico das vivências em seus relacionamentos sócio-afetivo-sexuais. Dissertação de Mestrado Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. Na presente dissertação buscamos situar e (re)conhecer o fenômeno das vivências dos relacionamentos sócio-afetivo-sexuais de adolescentes submetidos a tratamento psiquiátrico, por compreender que a adolescência é caracterizada por um complexo processo de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial e está inserida no contexto sócio-histórico atual, o qual apresenta uma configuração de incertezas, rápidas transformações, ideologia consumista e hedonista, ressoando na constituição psíquica dos(as) adolescentes, bem como em seus relacionamentos sócio-afetivo-sexuais. Neste sentido, suas vivências mundanas podem acarretar intenso sofrimento emocional, desencadeando a necessidade de tratamento psiquiátrico. Partindo desta premissa, realizamos esta pesquisa com 10 adolescentes, sendo 5 do sexo feminino e 5 do masculino, com idades entre 13 e 19 anos, submetidos(as) a tratamento psiquiátrico, objetivando compreender como estes(as) adolescentes vivenciam suas relações intrafamiliares, sociais e afetivo-sexuais. Utilizamos a metodologia qualitativa fenomenológica, centrada na redução, e nos baseamos em fenomenológos como Karl Jaspers, Arthur Tatossian, Virgínia Moreira e Claudio Lyra Bastos, entre outros autores, que explicitam a importância do conhecimento das experiências e significações que a pessoa faz de suas vivências, para compreendê-la em sua totalidade. Como estratégia de coleta de dados, utilizamos a entrevista compreensiva fenomenológica mediada pela seguinte questão: Fale a respeito de sua infância e de sua adolescência, relacionando-as aos seus relacionamentos intrafamiliares, escolares, afetivo-sexuais e ao seu tratamento aqui no ambulatório. A análise dos relatos seguiu os seguintes passos: leitura e releitura para apreensão do sentido do todo; discriminação das unidades de significado e elaboração de categorias; transformação em linguagem psicológica; identificação das convergências e divergências, elaborando uma síntese descritiva. Foram destacadas as seguintes categorias de significados: Mundo-da-vida na infância nos horizontes das relações intrafamiliares; Mundo-da-vida nos relacionamentos sociais; Mundo-da-vida nos relacionamentos afetivo-sexuais; Horizontes das vivências de sentimentos dolorosos. A análise compreensivo-interpretativa indicou relações intrafamiliares, em sua maioria, conturbadas, sendo as mães as principais cuidadoras dos(as) filhos(as) e sobrecarregadas em suas jornadas de trabalho intra e extrafamiliares, enquanto os pais mostraram ser ausentes, negligentes e, em alguns casos, violentos contribuindo para prejuízos no desenvolvimento psíquico dos(as) adolescentes, bem como em seus relacionamentos sociais e afetivo-sexuais. Além disso, encontramos experiências de bullying nas relações com os pares e com as autoridades escolares, afetando o aprendizado acadêmico e a autoestima dos(as) adolescentes. Estas vivências intrafamiliares e sociais repercutem nos relacionamentos afetivo-sexuais, que associados à falta de diálogo e orientação sobre sexualidade, evidenciaram sofrer influências da mídia, além de apresentar conflitos entre os modelos tradicional-patricarcal-religioso e a cultura atual de experimentação sexual e busca por prazer, com prejuízos na autoimagem acarretando dificuldades no estabelecimento de vínculos e na formação da identidade. Assim, nos horizontes das vivências de sofrimento emocional compreendemos que as psicopatologias são produto das experiências nas inter-relações, acrescendo-se às características genéticas, que dificultam a vivência autêntica. Portanto, faz-se necessário maior preparo dos profissionais da saúde e das escolas, além de ser fundamental o desenvolvimento de programas assistenciais às famílias, possibilitando orientação e suporte social e psicológico, para o estabelecimento de diálogo e compreensão entre seus membros, auxiliando os(as) adolescentes nesta fase tão importante da vida.