Invertebrados Neocarboníferos das formações Piauí (Bacia do Parnaíba) e Itaituba (Bacia do Amazonas): taxonomia; análise cladística das subfamílias oriocrassatellinae (crassatellacea, bivalvia) e neospiriferinae (spiriferoidea, brachiopoda)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Anelli, Luiz Eduardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-26072013-153442/
Resumo: A presente tese trata dos resultados de estudo de sistemática paleontológica da fauna de invertebrados da Formação Piauí (Neocarbonífero, Bacia do Parnaíba). Adicionalmente, duas espécies de braquiópodes e uma espécie de bivalve da Formação Itaituba (Neocarbonífero, Bacia do Amazonas) foram descritas. A fauna de invertebrados marinhos da Formação Piauí é a segunda mais diversificada e abundante do Neopaleozóico do país. Incluindo os bivalves anteriormente tratados (Anelli, 1994, Dissertação de Mestrado), 51 espécies são atualmente reconhecidas na formação. Dentre os moluscos, o grupo mais abundante é o dos bivalves, com 30 espécies (58%), seguido dos gastrópodes, com 9 espécies (17%) e 1 cefalópode (2%). Os braquiópodes, segundo grupo em abundância, compreendem 9 espécies (17%), atribuídos as ordens Acrotretida (1 espécie), Strophomenida (1 espécie), Productida (5 espécies) e Spiriferida (2 espécies). Trilobites (1 espécie) e briozoário (1 espécie) ocorrem subsidiariamente na fauna. Dentre as 25 espécies da Formação Piauí aqui tratadas, 3 espécies, Bellerophon (Pharkidonotus) sp. n. (gastrópode), Pteronites sp. n. (bivalve) e uma nova combinação, Palladin plummeri n. comb. (trilobites), são novas para a ciência. Foram ainda identificadas 2 novas espécies de braquiópodes, Neospirifer sp. n. 1, Neospirifer sp. n. 2, e um molusco bivalve, cf. Edmondia sp., na Formação Itaituba. A distribuição geológica das espécies reconhecidas indica uma idade pensilvaniana para a Formação Piauí, concordantemente, com a cronologia paleontológica conhecida da formação (Andares Atokano, Morrowano, podendo atingir a base do Desmoinesiano), estabelecida com base em conodontes. Aproximadamente a mesma idade é indicada por conodontes e fusulinídeos para a Formação Itaituba, Bacia do Amazonas. A composição das faunas das formações Piauí e Itaituba mostra fortes similaridades taxonômicas, confirmando sua contemporaneidade, bem como a provável ligação geográfica entre as duas bacias no Pensilvaniano médio. Faunas do Meio-Oeste americano, incluindo as da Formação Amsden (Wyoming), e da seqüência desmoinesiana do sudeste do Missouri, EUA, mostram também fortes afinidades paleontológicas com as assembléias estudadas. Faunas sul-americanas de idade pensilvaniana correlacionáveis em menor grau, incluem as da Formação Cerro Prieto (Montanhas Amotape, Peru), Seção La Jagua e Formação Palmarito, Venezuela. Além da abordagem taxonômica tradicional utilizada na análise das assembléias estudadas, o presente estudo inclui ensaios de análise cladística de alguns grupos representados por espécimes bem preservados e mais abundantes. Estes incluem táxons da subfamília Oriocrassatellinae (Mollusca, Bivalvia) e dos Productida e Spiriferoidea (Brachiopoda). Os resultados obtidos permitiram visualizar alguns dos problemas taxonômicos atualmente existentes relativos à sistemática desses táxons. A análise cladística não ponderada da subfamília Oriocrassatellinae Boyd & Newell, 1968, mostra as relações de parentesco entre 16 espécies do gênero Oriocrassatella, bem como a existência de dois grupos monofiléticos, consistentes com as reconstruções paleográficas do final do Paleozóico. De acordo com esta análise, parte dos táxons da superfamília Crassatellacea são inconsistentes com a sistemática tradicional do grupo. A análise ponderada, por sua vez, embora não demonstre uma forte tendência de agrupamento de formas laurásicas e gondwânicas, é largamente coincidente com as propostas de agrupamentos de famílias e subfamílias da superfamília Crassatellacea mostrados nos esquemas de classificação disponíveis. A análise cladística auxiliou ainda na identificação de espécies monofiléticas e parafiléticas, no âmbito da superfamília. Uma análise cladística preliminar dos braquiópodes productídeos, baseada em lista de caracteres da literatura, foi executada com o fim de testar o tratamento sistemático atual de espécimes da Formação Itaituba e as hipóteses de atribuição taxonômica do material da Formação Piauí aqui descrito. A sistemática conhecida dos productídeos da Formação Itaituba só é em parte corroborada pelos resultados da análise cladística e carecem de revisão. Espécimes da Formação Piauí, embora preservados apenas como moldes, exibem caracteres úteis na identificação das superfamílias. A análise cladística da subfamília Neospiriferinae indica esse táxon como não monofilético. Resultados preliminares da análise cladística de grande parte dos táxons atribuídos à superfamília Spiriferoidea mostra a família Trigonotretidae, bem como as subfamílias Neospiriferinae e Trigonotretidae, como agrupamentos parafiléticos. Toda a coleção da Formação Itaituba atribuída por Mendes (1966) a Neospirifer dresseri parece agrupar três espécies distintas.