Eficácia antifúngica in vitro e in vivo da miltefosina em nanocarreador de alginato no tratamento da aspergilose e candidíase sistêmica.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Barreto, Thayná Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42132/tde-13012022-165803/
Resumo: As infecções fúngicas invasivas são consideradas grande problema de saúde pois acometem principalmente indivíduos imunocomprometidos e possuem espectro de tratamento muito limitado. Desse modo, a estratégia de reposicionamento se torna relevante e propõe-se a miltefosina (MFS) como potencial alternativa antifúngica pois apresenta amplo espectro de ação fungicida, porém a alta toxicidade pode dificultar o uso na micologia clínica. A utilização de sistemas nanoestruturados para liberação controlada e sustentada é uma maneira de reduzir a toxicidade e manter a atividade antifúngica e diante disso, a miltefosina encapsulada em nanopartículas de alginato (MFS-NA) se torna uma estratégia promissora na terapia de infecções fúngicas invasivas. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade da MFS livre e MFS-NA sobre Aspergillus fumigatus (n=10), Aspergillus flavus (n=9) e Candida auris (n=2) em modelos experimentais in vitro e in vivo usando modelo larvário de Galleria mellonella. Os isolados de A. fumigatus testados foram considerados sensíveis para os antifúngicos padrão (anfotericina B AMB e voriconazol - VRC), enquanto as cepas de A. flavus exibiram um perfil mais tolerante. Utilizamos dois isolados de C. auris: CBS 10913 foi sensível a todos os antifúngicos convencionais e CBS 12766 apresentou resistência ao fluconazol. A MFS livre inibiu o crescimento fúngico em concentrações de 0,5 a 16 &#956g/mL; foi fungicida para a maioria das cepas de A. fumigatus e C. auris (1 a 32 &#956g/mL), e fungistático para A. flavus. A MFS-NA inibiu o crescimento de A. fumigatus, A. flavus e C. auris CBS 10913 em 18,7-600 &#956g/mL, enquanto C. auris CBS 12766 foi a mais tolerante (Concentração Inibitória Mínima CIM > 600 &#956g/mL). Foi identificado efeito sinérgico da MFS com VRC para o isolado 1220 de A. fumigatus, com redução da CIM em 8 vezes para ambos fármacos em combinação. Em modelo de G. mellonella, MFS (10 e 20 mg/kg) e da MFS-NA (100 mg/kg) reduziram a taxa de mortalidade e melhoraram o índice de saúde das larvas infectadas com A. fumigatus, além de reduzir a disseminação fúngica no tecido larval com o aumento da quantidade de granulomas de contenção da infecção. A combinação da MFS + VRC reduziu a carga fúngica e se mostrou melhor do que o tratamento apenas com VRC. Para infecção com A. flavus observou-se que quando combinado MFS-NA + VRC houve a melhora na taxa de sobrevivência além da diminuição da carga fúngica comparado com VRC, apontando que os tratamentos em combinação foram melhores que quando utilizados sozinhos. O perfil de sobrevivência em modelo de G. mellonella da cepa considerada muito virulenta de C. auris (CBS 12766) permaneceu o mesmo com os tratamentos, contudo, observou-se a diminuição da disseminação tecidual principalmente nos grupos tratados com MFS (40 mg/kg) e MFS-NA. Em contraste, MFS livre e MFS-NA foram efetivos contra a infecção por C. auris CBS 10913 levando ao aumento da sobrevivência larvária e redução da carga fúngica. A MFS livre e MFS-NA apresentam potencial relevante para a terapia antifúngica das aspergiloses e candidíases invasivas, e em combinação com VRC pode ser uma estratégia de melhoria do desempenho farmacológico nas terapias contra infecções fúngicas invasivas graves.