Finanças solidárias no Brasil: bancos comunitários, moedas locais e a força dos lugares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pupo, Carolina Gabriel de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-15062022-191912/
Resumo: A partir da década de 1970, duas novas variáveis passam a ter um papel preponderante na composição do espaço geográfico: a informação e as finanças. Neste contexto, a difusão do meio técnico-científico-informacional (SANTOS, [1996] 2008) se impõe de distintas maneiras nos lugares, diferenciando-os, empoderando alguns deles, onde a fluidez do dinheiro global encontra condições apropriadas para sua reprodução. Dialeticamente, esta mesma racionalidade hegemônica produz seus próprios limites, pois a própria escassez gerada por ela torna-se a base criadora para novas racionalidades, mais afeitas aos lugares e dotadas de lógicas não-instrumentais; nosso argumento visa mostrar que os bancos comunitários e suas moedas locais são formas concretas destas lógicas mais solidárias, denominadas de finanças solidárias. Nossa pesquisa procura identificar os agentes - públicos e privados - envolvidos no surgimento dos bancos comunitários no Brasil. Daremos destaque para os graus de organização, níveis de técnicas utilizadas e tipos de serviços financeiros e não-financeiros prestados pelos bancos comunitários. Por suas características intrínsecas, os bancos comunitários são bastante dependentes dos lugares em que atuam, acolhendo as demandas de suas comunidades, e que se refletirão em uma política própria de criação e uso de instrumentos monetários alternativos, ligados as finanças solidárias. Foi de fundamental importância ao nosso estudo estabelecer uma regionalização da distribuição destes bancos no território brasileiro, tendo como critério a relação deles com a existência prévia do meio-técnico-científico informacional. Foi possível ainda analisá-los sob o prisma da teoria dos dois circuitos da economia urbana, já que eles são identificados como agentes do circuito inferior da economia urbana. Neste contexto, as moedas locais de papel - assim como a Plataforma E-dinheiro - mobilizadas por estes bancos, são entendidas nesta tese como \"fatos sociais totais\", e que possibilitam a construção de horizontalidades e contra-racionalidades nos lugares.