Estudo do papel da proteína RECK no processo de tumorigênese mediado pelo papilomavírus humano.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Herbster, Suellen da Silva Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42132/tde-27082018-101514/
Resumo: O desenvolvimento do câncer cervical está associado à infecção por alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV). Entre os mecanismos de carcinogênese associados ao HPV incluem-se alterações em moléculas que modulam a manutenção de componentes da matriz extracelular (MEC), como as metaloproteinases de matriz (MMP) e alguns de seus reguladores. A proteína RECK (reversion inducing cysteine rich protein with kazal motifs) apresenta função essencial na remodelação tecidual e na angiogênese fisiológica ou tumoral, através da regulação pós-transcricional da atividade de MMP-2, MMP-9 e MMP-14 (MT1-MMP). Resultados publicados previamente por nosso grupo apontam para a correlação entre a expressão da oncoproteína E7 de HPV16, a alta expressão e atividade de MMP-9 e a baixa expressão de seus reguladores, TIMP-2 e RECK. A expressão de RECK também é baixa em lesões do colo uterino de alto grau e em amostras de câncer cervical, quando comparadas a amostras de pacientes com cervicite. O presente estudo visa determinar o papel de RECK no processo de tumorigênese mediado por HPV. Para isto, estabelecemos linhagens derivadas de tumor de colo de útero (SiHa, SW756 e C33A) que superexpressam RECK a partir de transdução com lentivírus. Os efeitos da superexpressão de RECK sobre o potencial tumorigênico de SiHa, SW756 e C33A foram avaliados em modelos de estudo in vivo e in vitro. De maneira geral, a superexpressão de RECK foi associada com a capacidade reduzida de invasão em câmara de Matrigel® e de formação de colônia independente de ancoragem. Ainda, camundongos nude inoculados s.c. com células tumorais superexpressando RECK apresentaram atraso no estabelecimento e crescimento tumoral e sobrevida global estendida quando comparados aos controles. Ambos tumores derivados de SiHa RECK e SW756 RECK apresentaram redução na frequência de células tumorais e endoteliais, ao passo que mostrarm aumento no infiltrado inflamatório. Esta observação foi acompanhada de redução na população de neutrófilos e potenciais células mieloderivadas supressoras em tumores de ambas as linhagens. Em tempo, analisamos séries de dados de expressão de CIN e carcinomas cervicais do banco de dados GEO e verificamos que a hipermetilação do gene RECK e a inibição da expressão de mRNA de RECK são eventos precoces no desenvolvimento do câncer de colo de útero. Avaliamos que a baixa expressão de RECK foi associada a progressão de lesões CIN3+ e ao aumento de metástases em linfonodo pélvico em pacientes com câncer de colo de útero. Ademais, notamos que o tratamento com quimio radioterapia levou ao aumento dos níveis de mRNA de RECK em um outro grupo de pacientes com câncer de colo de útero. Concluímos que a superexpressão de RECK (i) reduz o potencial tumorigênico de linhagens celulares derivadas de colo de útero independente do status de infecção por HPV e que (ii) o seu efeito sobre as populações intratumorais se mostrou específico para as linhagens infectadas por HPV. Estes resultados apontam para uma possível interação entre as alterações no microambiente tumoral associadas ao HPV e a função de RECK. Finalmente, a regulação negativa da expressão de RECK é um evento precoce na história natural do câncer cervical.