Estabelecimento e implementação de protocolo de hematotoxicidade para utilização em ensaios pré-clínicos de medicamentos: estudo em ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Teles, Alessandra Vaz Fernandes Fiuza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-25042017-110126/
Resumo: O objetivo do presente estudo foi o de investigar, pela primeira vez: os efeitos da administração prolongada de sementes Senna occidentalis (S. occidentalis) em órgãos hematopoiéticos de ratos, utilizando metodologias que poderão ser sugeridas para estudo pré-clínico de medicamentos. Avaliou-se nestes animais: consumo de ração e água; peso médio semanal; parâmetros hematológicos e bioquímicos; padrões histopatológicos; estoque de ferro e ensaios clonogênicos. O estudo foi realizado em ratos Wistar machos de 90 dias de idade, os quais foram expostos a diferentes concentrações de S. occidentalis na ração, a saber: 0% (controle), 0,5% (So0,5%), 1% (So1%) e 2% (So2%) durante 90 dias. Foi importante incluir um grupo pair-fed (PF), o qual recebeu a mesma quantidade de ração consumida pelo grupo So2%, porém, isenta da planta, uma vez que a S. occidentalis é sabidamente anorexígena. O presente estudo demonstrou que os ratos do grupo So2% apresentaram diminuição no número de leucócitos totais bem como alterações nos parâmetros referentes a série vermelha, tais como diminuição do VCM e HCM, caracterizando uma anemia microcítica hipocrômica. Os dados do hemograma corroboram as alterações observadas no mielograma destes animais, uma vez que foi constatada a redução significante da relação Mielóide/Eritróide (M/E) e, portanto, um possível efeito tóxico da S. occidentalis sobre a medula óssea durante o tratamento de 90 dias. A redução significante da relação M/E nos animais pertencentes aos diferentes grupos experimentais ocorreu devido ao aumento progressivo de eritroblastos jovens e policromáticos na medula óssea destes animais. Índices baixos da relação M/E podem estar associados a uma anemia regenerativa em função de hemólise extravascular ou, ainda, à eritropoiese ineficaz. A partir do mielograma observou-se, também, redução significante de células blásticas e de todos os tipos celulares, especialmente, da linhagem granulocítica, com predomínio da linhagem linfocitária. No entanto, uma vez que os linfócitos estão, continuadamente, recirculando, o aumento ou a diminuição destas células não reflete, necessariamente, alteração na linfopoiese. A análise anatomopatológica da medula óssea de animais dos grupos experimentais apontou um aumento progressivo da celularidade, caracterizando hiperplasia medular. Estes resultados se correlacionam aos dados do mielograma. Na anemia regenerativa ocorre diminuição da sobrevida das hemácias na circulação, resultante de hemólise extravascular realizada por macrófagos, especialmente, do tecido esplênico. Assim, o tratamento prolongado com S. occidentalis poderia estar associado ao um processo hemolítico, haja vista a observação de aumento do peso relativo deste órgão; acúmulo de hemossiderina no baço e ainda, reticulocitose em animais tratados com esta planta. O tratamento de 90 dias com S. occidentalis promoveu, também, redução significante na celularidade do baço bem como alterações anatomopatológicas, incluindo espessamento de cápsula e rarefação celular. Os ensaios clonogênicos padronizados neste estudo apontaram redução da porcentagem de colônias BFU-E e CFU-E em animais do grupo So2%, indicando uma provável ação tóxica da S.occidentalis sobre os progenitores medulares. A partir dos dados apresentados no presente estudo, pode-se concluir que o tratamento por 90 dias com S. occidentalis na ração é hematotóxico. Além disto, os resultados aqui obtidos bem como as metodologias empregadas poderão contribuir para o estabelecimento de um protocolo de hematotoxicidade, haja vista que informações relacionadas aso mecanismos de hematopoiese; metabolismo de ferro; características histológicas e citológicas de órgãos hematopoiéticos (baço e medula óssea) de ratos foram levadas em consideração para a realização deste estudo.