Protestantismos e a experiência transnacional da Unevangelized Fields Mission: as práticas de leitura em foco (1931 -1965)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mendes, Elizânia Sousa do Nascimento
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-24012024-150451/
Resumo: O estudo explora o arquivo da Unevangelized Fields Mission (UFM), o qual abrange 247 números do periódico Light and Life, principal veículo de divulgação da Agência missionária protestante criada em 1931 na Inglaterra, com o intuito de mapear as principais racionalidades que tomam corpo nas práticas discursivas da Missão e, especialmente, em seus modos de ler a Bíblia. Dentre os 9 países e as 2 colônias nos quais a Agência atuou no período de 1931 a 1965, recorte temporal da tese, foram explorados práticas e discursos de agentes no Congo Belga, no Brasil e na Papua-Nova Guiné. Apresenta-se as raízes histórico-filosóficas dessas práticas com vistas a demarcar sua emergência, operando, para isso, com um arquivo mais denso, mais difuso, mais plural e inscrito numa temporalidade maior, visto se tratar de uma busca arqueológica que perpassou os cinco séculos dos protestantismos. Para tanto, elegeu-se o quadro The Broad and Narrow Way (1883), atualização inglesa da imagem alemã Der breite und der schmale Weg (1862) de Charlotte Reihlen e Conrad Scharcher, como marco orientador da imersão analítica em três movimentos que historicamente atravessaram os protestantismos e suas práticas de leitura da Bíblia: o puritanismo, o evangelicalismo e o pietismo. Do arquivo constituído, destacam-se impressos, leis, obras devocionais, obras dogmáticas, uma cartilha, imagens, além do apoio na historiografia já constituída. Com a noção de arquivo proposta por Michel Foucault, apresenta-se traços das relações entre os protestantismos, a educação e o Estado. Observou-se, então, que não é possível localizar na emergência da Reforma Protestante a atual compreensão literal da Bíblia como Palavra de Deus, assim como foi identificada a conformação da ideia dos textos originais da Bíblia livres de erros e contradições no fim do século XVI. Ainda, no que diz respeito às relações entre os protestantismos, a educação e o Estado, a investigação empenhou-se em demonstrar os elos entre o movimento evangelical missionário e o espraiamento da escola moderna, bem como projetos de governamento social pelas Escrituras que caracterizam a lógica protestante. De modo não antevisto, atestou-se que as práticas protestantes de leitura da Bíblia emergiram como fulcrais às viradas epistemológicas no Ocidente desde o século XVI. Conclui-se, assim, que a tentativa de governamento social pelas Escrituras se situa no interior de um intenso processo histórico de lutas, estas também inscritas em rupturas e transformações que instauram novos modos de conhecer.