Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1993 |
Autor(a) principal: |
Valeriano, Claudio de Morisson |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-23062015-140732/
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Resumo: |
Com base em levantamentos geológicos detalhados, integrados à escala de 1:100.000, é proposta uma subdivisão tectônica para a proporção meridional da Faixa Brasília (Proterozóico Superior), à borda SW do Cráton do São Francisco, região da represa de Frunas. A Nappe Araxá-Canastra (NAC) sobrepõe-se ao Sistema de Cavalgamento Ilicínea-Piumhi (SCIP), ambos empurrados sobre o domínio autóctone. A NAC é construída na base pelo Grupo Canastra, sobreposto gradacionalmente pelo Grupo Araxá. O primeiro apresenta uma sequência metassedimentar composta, da base para o topo, por: metapelitos e calci-filitos com lentes de mármore calcítico (unidade pelítico-carbonática); filitos sericíticos com intercalações de quartzito (unidade psamo-pelítica inferior); quartzitos puros a micáceos com intercalações de sericita filito e muscovita xisto (unidade psamítica); e muscovita xistos com intercalações de quartzito (unidade psamo-pelítica superior). Proporções crescentes de feldspato (e biotita) nos xistos do topo do Grupo Canastra marcam a sua gradação para o Grupo Araxá, que inicia-se por paragnaisses bandados com níveis de biotita xisto, com quartzito e calci-xisto subordinados. Em contraste à sedimentação de plataforma (ou sinéclise) continental estável do Grupo Canastra, o Grupo Araxá é marcado pela sedimentação mais variada e imatura. Rochas metabásicas ocorrem em todo o pacote, caracterizando um magmatismo toleítico tipicamente continental, com dois conjuntos composicionalmente distintos, de baixo (<2%) e alto (>2%) teores em titânio. Os metabasitos de baixo titânio (BTi) são mais pobres em elementos incompatíveis, apresentando padrões de elementos terras raras (ETR) achatados a pouco diferenciados; os metabasitos de alto titânio (ATi) são enriquecidos em elementos incompatíveis (especialmente Nb, Zr, Y e Ba), com padrões mais diferenciados de ETR. O SCIP é estruturalmente caracterizado como um conjunto imbricado de lentes tectônicas constituída por rochas da sequência Serra da Boa Esperança, de seu embasamento e minoritariamente do Grupo Bambuí. Três unidades metassedimentares integram a sequência Serra da Boa Esperança: provavelmente basal, a unidade Serra da Mamona constitui-se de metaconglomerado quartzítico passando ao topo para uma associação de filito sericítico e quartzítico com grânulos e seixos esparsos, e filitos hemáticos subordinados; a unidade Ilicínea sobrepõe-se à primeira e é composta predominantemente por ardósia e metassiltito laminado com intercalações decimétricas a métricas de metarenito ortoquartzítico grosso, puro e frequentemente com grânulos bem arredondados; a unidade Serra do Chapadão ocorre tectonicamente destacada das demais e constitui-se de uma alternância de metarenito ortoquartzítico puro a micáceo (bem arredondado e selecionado) e sericita filito, possivelmente representado uma variação lateral da unidade Ilicínea. Lentes tectônicas do embasamento evidenciam duas associações litológicas: um conjunto de hornblenda gnaisses, denominada Suíte TTG (tonalito-trondjemito-granodiorito), e um conjunto metavulcanossedimentar, cujas exposições mais setentrionais constituem o \"greenstone-belt de Piumhi\". Os hornblenda gnaisses miloníticos da suíte TTG são caracterizados litogeoquimicamente por uma gama composicional desde gabrodiotitos até granitos calcialcalinos, predominando os termos intermediários. Isócrona de afloramento (4 pontos) Rb-Sr em rocha total, de 2244 +- 104 Ma (razão inicial de 0,7015), indica sua idade anterior ao Proterozóico Médio. A associação metavulcanossedimentar inclui metapelitos negros, xistos e filitos máficos e ultamáficos, formação ferrífera bandada e cromititos subordinados. O embasamento do domínio autóctone é constituído por terreno granito-gnássico-migmatítico com núcleos subordinados de natureza granito-greenstone. Este domínio integra o embasamento do cráton São Francisco, na parte oriental da área de estudo, e o complexo Campos Gerais, na parte meridional. Este embasamento é recoberto discordantemente pelo Grupo Bambuí, no qual ora predominam ardósias e metassiltitos (metacalcários subordinados), ora conglomerados polimíticos com características de leques deltaicos e seixos provenientes das demais unidades mencionadas. Importante episódio de encurtamento crustal relacionado à orogênese Brasiliana, por volta de 600 Ma, induziu processos de deformação progressiva por cisalhamento de baixo ângulo, resultando na justaposição das três unidades tectônicas acima descritas. Diferenças de nível crustal nos estágios iniciais da deformação, em condições sin-metamórficas, foram responsáveis pelas diferenças observadas de estilos deformacionais e metamórficos: a NAC, com gradiente metamórfico inverso da fácies xisto verde (zona da biotita) na base à fácies anfibolito no topo, mostra duas gerações de dobramento apertado a isoclinal recumbente, ambas com foliações plano-axial penetrativas. Abundantes indicadores cinemáticos, como peixes de mica, foliação S-C e lineação de estiramento, indicam transporte tectônico com topo dirigido para leste. No SCIP, o metamorfismo não passa da zona da clorita. A primeira e principal fase de deformação gerou uma foliação penetrativa subparalela ao acamamento sedimentar com araras dobras megascópicas, também com transporte tectônico com topo para Leste, com maior grau dispersão nos dados direcionais. No Grupo Bambuí, a deformação principal gerou dobras mesoscópicas progressivamente apertadas e deitadas, com a proximidade do conjunto alóctone. Distante do conjunto alóctone as dobras são mais abertas e empinadas, com clivagem ardosiana plano-axial. As rochas do embasamento alóctone, envolvidas neste estágio deformativo, adquiriram foliação milonítica com grau de desenvolvimento heterogêneo e alterações metamórficas compatíveis com a fácies xisto verde inferior. Duas gerações de dobras geralmente abertas e empinadas, pós-metamórficas e sem foliação plano-axial, afetaram todo o conjunto após o seu imbricamento tectônico: a mais antiga com eixos com caimento suave para NW e a mais nova (e mais suave) com eixos N-S. Estas fases deram a estruturação final ao orógeno. Datações K-Ar, principalmente em mica branca, interpretadas juntamente com os dados preexistentes, indicam que o episódio de deformação principal se deu por volta de 600 Ma durante a orogênese Brasiliana. Durante tal evento termo-tectônico, o substrato autóctone não foi termicamente afetado de modo significativo, mostrando idades de resfriamento K-Ar (além de idades Rb-Sr) mesoproterozóicas ou mais antigas. Tal contexto caracteriza esta porção da faixa Brasília como estruturado por uma tectônica \"thin skinned\", ou seja, por cavalgamentos rasos, com transporte por distâncias superiores a 100km para a NAC e a 50km para o SCIP. |