Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Guilherme Magalhães Vale de Souza |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-19022020-105547/
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Resumo: |
O presente estudo consiste em uma mirada histórico-filosófica sobre o papel público do intelectual, elegendo a prática crítica de Michel Foucault tanto como inspiração teóricometodológica quanto como principal objeto de análise. O problema investigativo focaliza alguns deslocamentos sofridos pela prática intelectual desde o século XVIII, estabelecendo uma relação entre crítica, verdade e educação para descrevê-los como parte de um processo de governamentalização da sociedade. Para tanto, a investigação resultou em três movimentos analíticos. O primeiro deles devota-se a mapear a literatura de cunho histórico e sociológico acerca do papel do intelectual das últimas décadas do século XX, inventariando conjuntos de dilemas ali recorrentes sobre a relação entre saber/pensador e poder/instituição, bem como diagnosticando o excesso discursivo de teor politizante a partir dos anos 1970, de modo a evidenciar a equação crítica-verdade como nexo de resistência/emancipação às relações de poder institucionais. Em um segundo movimento analítico, realiza-se um recuo temporal com vistas a uma descrição das proveniências literárias e jornalísticas da prática crítica, açambarcadas por uma concepção de (auto)formação cultural (Bildung) referente ao discurso do esclarecimento (Aufklärung). Por meio desse recuo, desenlaça-se duas feições gerais que caracterizariam o discurso crítico na Modernidade: uma de teor político e belicoso e outra de teor educativo-instrucional. Se a primeira modalidade do discurso crítico, assinalada como o nascimento do intelectual moderno pela historiografia, estabeleceria uma relação antagônica em relação à razão de Estado, a segunda modalidade teria como finalidade, inicialmente, promover uma cultura de debate público entre os letrados para, em seguida, reivindicar-se como poder formativo dos súditos/cidadãos, supostamente emancipando-os das relações de tutela clássicas. Com o deslocamento histórico da prática crítica, visou-se evidenciar um intrincado jogo de educação de si e dos outros pelo qual um magistério alargado da expertise redundaria em uma lógica de governança da população. Por fim, no terceiro movimento analítico da investigação, o trabalho intelectual-educativo de Foucault, com destaque a sua atividade docente, é tomado como ocasião para as reflexões finais sobre o modo como o pensador francês tomou parte no sobredito debate em torno do lugar social dos intelectuais. O argumento em tela supõe o tensionamento das linhagens tanto da politização quanto da educacionalização da atividade crítica, demonstrando, para tanto, como o pensador francês se recusou de modo obstinado a secundar modelos políticos e pedagógicos da prática intelectual alegadamente mais livres, ora porque engajados, ora porque não institucionalizados , legando, por sua vez, procedimentos problematológicos de investigação e de ensino solidários a um modo de endereçamento desassombrado ao presente. |