Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Castellana, Gustavo Bonini |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-09122019-164336/
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: O julgamento clínico e a tomada de decisão em Psiquiatria são atos complexos e que com alguma frequência coloca o psiquiatra em conflito a respeito da melhor conduta a ser adotada. Isso acontece especialmente nos casos que envolvem a possibilidade de internação involuntária, nos quais um dilema moral é instalado diante da ausência de consentimento do paciente com o tratamento proposto. Por isso, tais casos são considerados \"casos difíceis\". Nessas situações o psiquiatra deverá justificar sua decisão com base na avaliação da capacidade de autonomia e no risco à saúde do paciente. Este trabalho teve como objetivo avaliar como a dimensão subjetiva do psiquiatra tem impacto na sua decisão nesses casos, examinando a relação entre fatos, valores e virtudes presentes na clínica psiquiátrica. MÉTODOS: Apoiando-se na metodologia qualitativa baseada em análise de conteúdo, foram entrevistados 17 residentes do terceiro ano de Psiquiatria de um mesmo programa. As entrevistas foram compostas por duas partes: exercícios de julgamento clínico e experiências profissionais. Nos exercícios de julgamento clínico foram apresentados dois casos hipotéticos, ambos inspirados em situações cotidianas de trabalho, em que o psiquiatra deveria decidir pela internação involuntária ou liberação do paciente e justificar sua decisão. Já nas experiências profissionais foram exploradas as vivências dos residentes durante a formação profissional, desde o curso de Medicina até a residência em Psiquiatria. RESULTADOS: a análise das entrevistas revelou que, tanto para o julgamento clínico quanto para a conduta assistencial proposta, os valores subjetivos de cada psiquiatra tiveram influência na sua avaliação. Esses valores foram coadunados com diferentes perspectivas epistemológicas do conhecimento psicopatológico adotadas pelos psiquiatras e revelados pelas experiências profissionais. Do ponto de vista do uso desse conhecimento, foi possível identificar três tipos de racionalidade psiquiátrica: organicista, que tem como matriz teórica as Neurociências; psicodinâmica, cuja base teórica é a Psicanálise; e fenomenológica, cuja vertente teórica é a Fenomenologia. Essa análise também revelou que algumas virtudes são necessárias para que o psiquiatra possa realizar esse julgamento, entre elas a empatia, abertura à interpessoalidade, autoconhecimento e sabedoria prática (phronesis). A decisão clínica final mostrou-se, portanto, dependente da perspectiva ética e epistemológica assumidas pelo psiquiatra. CONCLUSÕES: o julgamento clínico e a tomada de decisão correspondente dependem não somente do conhecimento técnico-científico, mas também da dimensão valorativa e das virtudes associadas à subjetividade do psiquiatra. Essa totalidade que compreende a combinação dos fatos científicos, dos valores dos sujeitos e das virtudes na prática psiquiátrica permite identificar o habitus dos agentes dessa prática como próprio de uma zona de fronteira entre as ciências naturais e humanas, o que coloca constantemente em questão o pertencimento da especialidade ao campo científico hegemônico, organicista, da Medicina |