Estudo epidemiológico populacional para avaliação de hipertensão arterial sistêmica e ocorrência de acidente vascular encefálico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Mota, Diandro Marinho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/98/98131/tde-23022022-142032/
Resumo: INTRODUÇÃO: as doenças cardiovasculares (DCV) são as principais responsáveis pela carga global das doenças crônicas não transmissíveis, sobretudo pelo impacto do infarto agudo do miocárdio e do acidente vascular encefálico (AVE). Dentre os fatores de risco potencialmente modificáveis associados a esses eventos, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) se destaca, configurando-se como a principal causa de morbimortalidade cardiovascular no mundo contemporâneo. O presente estudo tem como objetivos determinar a força da associação da HAS em relação à ocorrência do AVE (e seus subtipos) e investigar o risco atribuível populacional (RAP) da doença associado ao evento e seus subtipos, na população brasileira. CASUÍSTICA E MÉTODOS: trata-se de um estudo caso-controle, no qual foram avaliados participantes do INTERSTROKE Study incluídos no Brasil. As características clínicas e demográficas da população do estudo foram avaliadas e as variáveis com significância clínica ou estatística associadas à ocorrência de AVE foram incluídas no modelo multivariado para identificar a força da associação entre HAS e AVE (e seus subtipos). RESULTADOS: no Brasil, 734 indivíduos foram incluídos no INTERSTROKE Study, sendo 367 casos e 367 controles. A média de idade dos participantes foi de 64,8 anos e a prevalência do sexo masculino foi de 55,0%. O grupo caso, em relação ao controle, apresentou maior prevalência de HAS (80,9% versus 56,9%, p < 0,0001), tabagismo ativo (19,9% versus 10,1%, p = 0,0003), sedentarismo (91,0% versus 77,9%, p < 0,0001), fatores psicossociais (estresse e/ou depressão) (42,9% versus 27,2%, p < 0,0001), etilismo elevado ou libação alcoólica (6,5% versus 0,8%, p = 0,0004), bem como valor médio mais elevado da relação cintura/quadril (0,95 versus 0,93, p = 0,0118) e da relação ApoB/ApoA1 (0,81 versus 0,79, p = 0,0094), além de avaliação qualitativa desfavorável do padrão dietético pelo Índice de Alimentação Saudável Alternativo modificado (porcentagem no terceiro tercil de 44,4% versus 54,0%, p = 0,0196). Na análise multivariada, observou-se razão de chances (RC) da HAS para a ocorrência de AVE (independentemente do subtipo) de 3,34 (IC = 95,0%, 2,13 - 5,24), com risco atribuível populacional (RAP) de 56,72% (IC = 95,0%, 42,88 - 70,56). Para o AVE isquêmico, identificou-se RC de 3,19 (IC = 95,0%, 2,00 - 5,09), com RAP de 55,60% (IC = 95,0%, 40,30 - 70,91). Para o AVE hemorrágico, constatou-se RC de 6,54 (IC = 95,0%, 2,07 - 20,69), com RAP de 68,59% (IC = 95,0%, 14,62 - 122,56). Para o sexo masculino, na análise multivariada, foi evidenciada RC de 3,34 (IC = 95,0%, 1,80 - 6,20), com RAP de 56,72% (IC = 95,0%, 32,53 - 80,90) do fator para o AVE total, e RC de 3,17 (IC = 95,0%, 1,66 - 6,05), com RAP de 55,41% (IC = 95,0%, 27,68 - 83,13) para o AVE isquêmico. Já para o sexo feminino, foi identificada RC de 4,21 (IC = 95,0%, 2,06 - 8,60), com RAP de 61,74% (IC = 95,0%, 31,50 - 91,98) da HAS para o AVE total, e RC de 3,88 (IC = 95,0%, 1,97 - 7,97), com RAP de 60,09% (IC = 95,0%, 27,24 - 92,94) para o AVE isquêmico. CONCLUSÃO: A HAS foi identificada como preditor independente e de alto impacto clínico associado à ocorrência de primeiro AVE na população brasileira. A associação observada foi mantida para os subtipos do evento, com maior força no grupo AVE hemorrágico. Em relação ao sexo, entre as mulheres, foi observada maior RC da HAS para ocorrência de AVE (total e isquêmico). Estratégias de saúde pública devem ser desenvolvidas para a identificação e o controle efetivo desse importante fator de risco cardiovascular na população brasileira.