Variação genética entre populações de Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott, 1923) (Hemiptera: Cicadellidae) e mecanismos de sobrevivência na entressafra do milho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Oliveira, Charles Martins de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-20210104-161146/
Resumo: A doença conhecida como enfezamento do milho, associada aos molicutes Spiroplasma kunkelii Whitcomb et al. e fitoplasma do milho (“maize bushy stunt phytoplasma”), tem adquirido importância crescente no Brasil nos últimos anos. Em função da expansão do cultivo do milho fora da época normal e do uso de irrigação em algumas regiões, tem ocorrido superposição dos ciclos da cultura no campo, favorecendo o aumento das populações desses patógenos bem como do inseto vetor, Dalbulus maidis. Nesta pesquisa foram realizados estudos ecológicos e de genética de populações de D. maidis para melhor compreender o seu mecanismo de sobrevivência na entressafra do milho e, com isso, aprimorar o manejo deste vetor visando ao controle do enfezamento. Por ser o milho o único hospedeiro conhecido de D. maidis no Brasil, esta cigarrinha parece ter duas alternativas para sua sobrevivência na ausência da cultura: migração e/ou dormência em restos culturais ou áreas adjacentes. Para investigar estas possibilidades, populações de D. maidis foram monitoradas quinzenalmente através de cartões adesivos amarelos dupla face (7x12 cm) por períodos que variaram de 15 a 29 meses, no município de Anastácio/MS. Esta região é caracterizada por áreas extensas de pastagens e por apresentar pequenas áreas de plantio de milho com um longo período de entressafra (6-7 meses). O monitoramento foi realizado em cinco áreas representando duas situações distintas: a) áreas (I e II) onde o milho era plantado uma vez por ano a partir de outubro; e b) áreas (III, IV, Va e Vb) de pastagem, onde o milho não era cultivado há pelo menos 5 anos. Simultaneamente, realizou-se monitoramento em uma área de Piracicaba/SP, onde o milho era plantado o ano inteiro (área VI). Paralelamente, foram realizadas análises RAPD-PCR para comparação genética de populações desta cigarrinha em Anastácio/MS e de outras quatro localidades do Centro-Sul e Nordeste do Brasil, sendo também avaliados métodos simples de preservação de espécimes de D. maidis para utilização do DNA em análise genética. As coletas com cartões adesivos em Anastácio/MS mostraram que D. maidis coloniza plantios de milho mesmo em áreas de pastagens perenes, onde esse cereal não era cultivado há muitos anos. Picos populacionais simultâneos foram observados na entressafra em todas as áreas estudadas, sendo maiores em locais de solo exposto por aração; assim, o preparo do solo parece exercer influência na escolha da área para o pouso por adultos de D. maidis. Estas informações, aliadas ao fato de que D. maidis não foi capturada em vegetação adjacente aos plantios de milho por vários métodos de amostragem (cartões adesivos, rede de varredura e succionador motorizado), sugerem que os indivíduos colonizadores desses plantios eram imigrantes de locais distantes. A hipótese de migração é reforçada pelas análises de RAPD-PCR que indicaram elevado fluxo gênico entre as populações do Centro-Sul do Brasil. Dos métodos avaliados para preservação do DNA de D. maidis, álcool etílico absoluto ou 70% a -20°C, tampão de extração (inseto macerado e inteiro) e principalmente congelamento a -20°C, mostraram-se os mais adequados. Insetos preservados em álcool etílico absoluto ou 70%, em temperatura ambiente, e insetos secos ao ar mostraram-se imprestáveis para RAPD-PCR após 120, 60 e 10 dias, de armazenamento, respectivamente. Através de bioensaios de transmissão com adultos de D. maidis coletados nos plantios de milho em Anastácio/MS verificaram-se taxas infectividade por S. kunkelii e fitoplasma que variaram de 1,9 a 19,7% e 1,1 a 3,6%, respectivamente, suportando a hipótese de que esses patógenos possam utilizar o vetor para sobrevivência na entressafra e disseminação a longas distâncias.