Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Alencar, Adilma Secundo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-05062020-145057/
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Resumo: |
A literatura, como produto artístico que é, pode tanto representar modelos sociais como questionar esses modelos a fim de inquirir sobre determinadas engrenagens, tanto do mundo concreto como no âmbito de suas representações ficcionais. O personagem sertanejo nordestino foi retratado em uma vasta produção literária como um sujeito esvaziado de subjetividade, entregue ao fanatismo religioso e à violência. Embora essa descrição seja observada na literatura, sobretudo do século XIX, ela foi inspirada em muitas crônicas e relatos de viajantes europeus, que escreveram suas primeiras impressões sobre as diferentes regiões do Brasil. Assim, a visão estereotipada a respeito do personagem sertanejo na literatura é fruto desse olhar encontrado nos primeiros relatos que marcaram a diferença entre as regiões do país. Desejamos apontar na literatura nacional duas obras que rompem com essa representação pejorativa do personagem sertanejo nordestino, são elas Vidas secas, de Graciliano Ramos, e A hora da estrela, de Clarice Lispector. Para a análise dessa perspectiva, são basilares para este estudo as contribuições de Benedict Anderson, na obra Comunidades imaginadas, em consonância com o livro A invenção do Nordeste e outras artes, do historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, assim como as reflexões de Theodor Adorno a respeito do narrador no romance contemporâneo. Acreditamos que o corpus selecionado apresenta personagens que implodem a cristalização de uma representação do sertanejo nordestino observada em obras que tentaram dizer do sertão e dos sertanejos e para isso repetiram um olhar hierarquizado, no qual a representação do sertanejo nordestino era esvaziada de subjetividade e colocada como menor. Acreditamos que, ao se aprofundarem na subjetividade dos personagens de Vidas secas e A hora da estrela, os escritores Graciliano Ramos e Clarice Lispector rompem com essa representação. Essa ruptura é percebida sobretudo no trabalho de composição dos personagens da trama, que são traçados com extrema complexidade subjetiva, como observado ao longo deste estudo. |