Estresse no trabalho, resiliência e adoecimento de profissionais que atuaram em serviços de urgência e emergência no contexto da pandemia de COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Antonio-Viegas, Mayara Caroline Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-14112023-120155/
Resumo: Introdução: As mudanças no ambiente de trabalho durante a pandemia de COVID-19, impactaram a atuação dos profissionais de saúde do Atendimento Pré-Hospitalar. As situações adversas impostas, exigiram dos profissionais qualificada formação e desenvolvimento de habilidades técnico-científicas, interpessoais e socioemocionais. Por tais características, estudos sobre o fenômeno do estresse e da resiliência têm sido desenvolvidos com essa população, considerando que para o enfrentamento do cenário pandêmico, a atuação desses profissionais foi crucial, de extrema relevância e desafiadora. Objetivo: Avaliar a relação entre o estresse no trabalho e a resiliência como fator preditor ao adoecimento dos profissionais que atuaram nos serviços de urgência e emergência, no contexto da pandemia de COVID-19. Método: Estudo epidemiológico, descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, realizado em Unidades de Pronto Atendimento, Centros Regionais de Saúde e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de um município de grande porte no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. A amostra foi composta por 293 profissionais: técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. A coleta ocorreu nos meses de maio/junho e setembro/outubro de 2021. Utilizou-se: Questionário sociodemográfico, de condições de trabalho e saúde; Escala de Estresse no Trabalho; Escala de Resiliência; Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey; Cuestionario para La Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo; Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e Mini Internacional Neuropsychiatric Interview. Foram respeitados os aspectos éticos legais e as análises estatísticas foram feitas pela estatística descritiva, pelos testes Qui-Quadrado de Cochran-Armitage, Teste Linear-por-Linear e Jonckheere-Terpstra. A regressão linear múltipla foi realizada para ajustar as associações entre as variáveis desfecho e as variáveis independentes. Resultados: Mais da metade dos profissionais encontravam-se em moderado/alto nível de exposição ao estresse no trabalho, trabalhavam em alta exigência e com nível moderado/alto de resiliência. O estresse demonstrou ser fator preditor para elevada Exaustão Emocional e para maior risco de adoecimento. Foi relacionado ainda a não fazer uso de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, baixo apoio social no trabalho e baixo risco de ideação suicida. Além disso, se mostrou mais alto nos profissionais que trabalhavam em Unidades de Pronto Atendimento, com apenas um vínculo empregatício, elevada carga horária semanal, que tiveram alguém próximo infectado por COVID-19, com baixa ilusão pelo trabalho, alta culpa e despersonalização e com sintomas de ansiedade e depressão. A resiliência foi preditora de ausência de sintomas de ansiedade e alta realização pessoal. Se relacionou à prática de religiosidade, prática de atividade física, ausência de problemas de saúde e de uso de medicamento contínuo. Maiores níveis de resiliência foram associados a ausente percepção de alteração na saúde mental após o início da pandemia, ao alto apoio social no trabalho, a menores níveis de exaustão emocional/desgaste psíquico e despersonalização e ausência de depressão e ideação suicida. Conclusão: Entre si o estresse no trabalho e a resiliência não apresentaram, nesta amostragem, correlação estatisticamente significativa. O trabalho em alta exigência e alta exposição ao estresse no trabalho e maior risco de adoecimento, especialmente psíquico, contextualizou a atuação desses profissionais. Porém, a resiliência demonstrou-se importante fator protetor neste contexto. Os resultados obtidos são relevantes e evidenciam que ambos os fenômenos agiram como fatores preditores relacionados ao adoecimento dos profissionais de saúde que atuaram nos serviços de atendimento pré-hospitalar, durante a pandemia de COVID-19. Sugere-se estudos futuros para melhor compreensão e planejamento social no enfrentamento de situações semelhantes e melhor cuidado à saúde dos profissionais que atuam nestes serviços.