Urbanização e modernização crítica: Heliópolis e a juridificação da crise do trabalho na expansão do consumo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bastos, Anselmo Barrêto de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-03072020-221741/
Resumo: A presente pesquisa tem como principal objetivo compreender o processo de urbanização da favela de Heliópolis, localizada na zona sudeste do município de São Paulo, sobretudo em seu contexto contemporâneo, no qual se generalizam formas diversas de pequenos comércios e prestadores (autônomos) de serviços concomitantemente à ampliação da presença de bancos e outros agentes do mercado financeiro, entrelaçamento que aparece como desenvolvimento urbano da favela ou como \"integração\" à cidade, da mesma forma pela qual o consumo aparece como instância apartada da produção, representações que, em essência, explicitam as determinações críticas do capital no movimento deste para com o processo de urbanização. Nesse caminhar, o pressuposto lógico assumido é o da contradição intrínseca à relação capital-trabalho, no sentido de uma sociabilidade que carrega consigo a sua afirmação tautológica (trabalho que gera mais trabalho) e sua negação, argumento mobilizado por Karl Marx n\' O Capital. Portanto, a negatividade categorial do trabalho apresenta-se como fundamento determinante na análise desse \"urbano economizado\", nos termos de um processo de \"urbanização crítica\" (DAMIANI, 2004; 2009). Oferecemos o pressuposto de que o trabalho constitui uma categoria própria da formação capitalista, enquanto abstração social que se efetiva como média social de tempo de trabalho, como valor. Em outros termos, partilhamos da compreensão de que o capital é a contradição em processo, posto que põe na relação identitária, porém negativa, entre trabalho e crise do trabalho a sua centralidade. Tensionamos criticamente os desdobramentos dessa reprodução crítica do capital com o que se interpretou como lócus de reprodução da classe trabalhadora no contexto de uma realidade urbano-industrial - em nosso caso empírico, Heliópolis - a qual, no momento atual de crise de reprodução do capital na sua forma fictícia, como outras periferias da cidade, expõe formas precárias de sobrevivência simultaneamente à expansão das relações de consumo e endividamento, possibilitados pelo fácil acesso ao crédito. A teoria marxiana do valor permite acessarmos a concepção usual do sujeito favelado enquanto portador de uma subjetividade contestatória em relação aos processos espoliatórios da metrópole, o \"sujeito revolucionário\", contrapondo-a à outra possibilidade interpretativa, qual seja, a noção de \"sujeito de direito\". Momento em que teorizações sobre as periferias urbanas enquanto produção de novas centralidades, ou mesmo por meio da hipótese da realização de novas lógicas de subordinação entre o que se entende por circuitos superior e inferior da economia urbana, permitem questionamentos.