Restrição financeira e sensibilidade do investimento ao fluxo de caixa em empresas brasileiras com diferentes graus de governança corporativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Breno Augusto de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96132/tde-02082018-105728/
Resumo: Em mercados imperfeitos e ineficientes, eventuais problemas de agência e de assimetria de informações podem elevar o custo do financiamento externo e, consequentemente, provocar racionamento quantitativo do crédito, expondo as empresas a diferentes graus de restrição financeira. Assim, as decisões de investimento corporativo tendem a depender da disponibilidade de recursos gerados internamente, supostamente mais baratos e acessíveis, e do grau de acesso às fontes de recursos externos. Sob tais condições, boas práticas de governança corporativa são capazes de minimizar os impactos dessas restrições financeiras, uma vez que quanto maior a qualidade da governança, menores os impactos da assimetria informacional e dos conflitos de agência e, portanto, maior a capacidade da empresa em atrair recursos externos com custos mais baixos. O objetivo deste estudo foi investigar a sensibilidade do investimento ao fluxo de caixa para empresas brasileiras com diferentes graus de restrição financeira conforme o nível de qualidade das suas práticas de governança corporativa durante o período de 2006 a 2015. Para isso, foram analisados dados em painel de 248 companhias brasileiras abertas, as quais foram classificadas a priori em dois grupos conforme o grau de restrição financeira (alto e baixo). Para essa classificação, foi utilizado como critério o Índice de Práticas de Governança Corporativa (IPGC) de Leal (2014), revisado e atualizado a partir de Carvalhal-da-Silva e Leal (2005). O IPGC é construído a partir de questionário objetivo e até o momento não foi utilizado no Brasil para este fim. Considerando-se os objetivos da governança corporativa de mitigação dos impactos dos problemas de agência e de assimetria de informações, maiores (menores) índices retrataram empresas com baixo (alto) grau de restrição financeira. Um modelo de investimento foi estimado pelo método GMM (Generalized Method of Moments) a fim de verificar o impacto das práticas de governança corporativa e do grau de restrição financeira sobre a sensibilidade investimento-fluxo de caixa. Os resultados demonstraram que o IPGC foi negativamente correlacionado com os índices de restrição financeira KZ e WW e que empresas com pior governança tiveram índices de restrição financeira maiores do que aquelas com melhor governança. Além disso, a qualidade da governança corporativa influenciou sensibilidade investimento-fluxo de caixa, sendo essa sensibilidade negativa e significativa apenas para as empresas com pior governança, classificadas a priori com alto grau de restrição financeira. Os resultados sugerem ainda que a sensibilidade negativa do investimento ao fluxo de caixa decorre não somente da pior qualidade das práticas de governança, mas também da possível fragilidade do status financeiro dessas empresas. Adicionalmente, considerando o debate existente na literatura sobre a dificuldade de se determinar adequadamente o grau de restrição financeira de uma dada empresa, o IPGC se mostrou uma variável interessante como método de classificação a priori das empresas e um importante determinante da sensibilidade investimento-fluxo de caixa para identificar firmas possivelmente restritas financeiramente.