Efeito do canabidiol sobre as consequências da exposição ao isolamento social prolongado em camundongos fêmeas em diferentes idades: possível envolvimento da via do inflamassoma de NLRP3

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bilibio, Júlia Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-13052024-160023/
Resumo: Diversas evidências sugerem que o estresse, como o isolamento social (IS), está relacionado ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, os quais acometem duas vezes mais mulheres do que homens. Além disso, a adolescência pode ser um período de maior suscetibilidade, visto que regiões cerebrais envolvidas no controle da resposta ao estresse ainda estão em desenvolvimento. Animais submetidos a modelos de estresse apresentam hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e da neuroinflamação, que pode ser decorrente da ativação da via do inflamassoma de NLRP3. Em roedores, o canabidiol (CBD) induz efeitos tipoansiolítico/antidepressivo, além de atenuar o comportamento agressivo induzido pelo IS. Ademais, estudos recentes observaram a inibição do inflamassoma de NLRP3 pelo CBD em monócitos e micróglia humana infectada por HIV. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi investigar o envolvimento do inflamassoma de NLRP3 frente às alterações comportamentais induzidas pelo IS em fêmeas adolescentes e adultas, e o possível efeito terapêutico do CBD. Camundongos CD-1 fêmeas (4 e 9 semanas) foram isoladas durante 33 dias, e tratadas com CBD (3, 10 ou 30 mg/Kg/10 mL) ou veículo (3% de Tween 80 em salina) a partir do 14º dia de IS até o final do experimento. Do 28º ao 33º dia, os animais foram submetidos aos seguintes testes comportamentais, para avaliação da locomoção, do comportamento tipoansioso/depressivo e da cognição: teste do campo aberto, teste de borrifagem de sacarose, teste de reconhecimento de objetos, teste de alimentação suprimida pela novidade, testes de preferência e de interação social, e teste do nado forçado. Imediatamente após a realização do teste do nado forçado, os animais foram eutanasiados, as glândulas adrenais, o baço e o córtex pré-frontal (PFC) foram coletados para análises posteriores. A expressão gênica do NLRP3, ASC, caspase-1 e IL-1β dos animais adultos agrupados e isolados tratados com veículo ou CBD (10 mg/Kg; de acordo com os resultados comportamentais) foi avaliada por PCR em tempo real. O IS induziu hiperlocomoção e comportamento tipo-depressivo, caracterizado pela redução do tempo em autolimpeza no teste de borrifagem de sacarose em ambas as idades. O comportamento tipo-ansioso, caracterizado pelo aumento da latência para se alimentar no teste de alimentação suprimida pela novidade, aumento do tempo de interação e da preferência social, redução do tempo de imobilidade (nado forçado) e aumento do peso das glândulas adrenais foram observados apenas nas adultas. O CBD (10 mg/Kg) atenuou a hiperlocomoção nas adolescentes e o comportamento tipo-ansioso nas adultas, induzidos pelo IS e reduziu a expressão gênica de NLRP3 e ASC, nas adultas de ambas as condições. Conclui-se, portanto, que o IS induziu mais alterações nas fêmeas adultas do que nas adolescentes, e ainda, que o CBD atenuou alguns comportamentos induzidos pelo IS, e reduziu a expressão gênica de NLRP3 e ASC, no PFC dos animais adultos das duas condições. Até onde se sabe, este é o primeiro estudo a reportar a atenuação da expressão gênica do NLRP3 e da ASC no PFC de camundongos tratados com CBD, dando suporte a estudos futuros sobre o envolvimento do estresse com esses componentes.