Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Domiciano, João Felipe Guimarães de Macedo Sales |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-01102021-155558/
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Resumo: |
No interior dos discursos acerca dos elementos constitutivos e estruturantes do tratamento psicanalitico, a presente pesquisa visa inscrever a funcao e o campo do corpo do analista. A critica a um modelo dualista do corpo, de extracao cartesiana, e um dos eixos presentes na emergencia da psicanalise enquanto metodo de tratamento, fato observado na extensa literatura acerca dos limites e parametros destes corpos patologizados, relidos nos atravessamentos do campo da linguagem e do pulsional. O desafio de fundamentacao categorial parte da constatacao de que tal refundacao epistemologica nao acompanhou os poucos desenvolvimentos sobre a nocao do corpo daquele que escuta na cena analitica. O primeiro passo metodologico foi analisar os termos nos quais a nocao de corpo se inscreveu em distintos modelos de pensamento, de modo a localizar as tensoes internas que estavam presentes quando da reconfiguracao operada pela invencao da psicanalise. Portanto, ao posicionar as propostas de Freud e Lacan frente aos modelos filosoficos e antropologicos de base desta categoria, pudemos mapear os modos como foi articulado o corpo do clinico nos discursos sobre o dispositivo de cura psicanalitico. Em seguida, ao retracar as formas de inclusao e exclusao deste corpo nos debates sobre a pratica, identificamos tres eixos de inscricao: (1) o corpo que remete a pessoa do analista, corpo nas fronteiras do campo transferencial, que ressoa tanto nos cruzamentos com a esfera sociopolitica e seus marcadores de diferenca, como na tematizacao dos modos de afeccao dos fenomenos contratransferenciais; (2) corpo tomado pelas variacoes de presentificacao e de retirada na cena analitica, extensao que vai desde os modos de amparo que sua não-ausência promove, crucial em momentos de precario recobrimento discursivo do paciente, ate sua funcao na convocacao a fala, como condicao ao silencio e a estrangeiridade da cena analitica; (3) corpo transformado e distorcido pela propria operacao transferencial, inconsistencias do devir-analista presentes tanto nas deformacoes corporais pelas quais e concebido, representado pelo paciente, como nas experiencias de desorientacao do analista frente as referencias de estabilizacao do sentimento de si. A presenca sensivel de um corpo que suporta uma abertura consubstancial a face enigmatica e inobjetivavel da causa do desejo e justamente o que torna possivel a producao de atravessamentos discursivos proprios a experiencia analitica, como sustentamos. Os desenvolvimentos contemporaneos da antropologia perspectivista oferecem importante suporte a teorizacao destes modos inscricao corporal, em especial a dimensao desta indeterminacao, centrais ao modelo transformacional do tratamento psicanalitico. O horizonte da pesquisa ainda toca no cerne do debate atual acerca das mediacoes digitais nos tratamentos psicologicos, dado que um eixo central neste e a alteracao das formas de presentificacao corporal do clinico frente as condicoes consagradas pelo dispositivo de cura. Ao fim, buscamos extrair potenciais desdobramentos da tese para futuras pesquisas, em especial a perspectiva de uma teorizacao da experiencia analitica que nao tira o corpo fora |